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quinta-feira, 26 de junho de 2014

Há um ano Estância Velha, fez coro ao clamor que correu as ruas do país

Há um ano, Estância Velha, foi à rua protestar no movimento correu o país
Há um ano, fruto de um movimento que nasceu em Porto Alegre, no protesto contra o aumento da passagem de ônibus, e começou a varrer o país, a partir das grandes cidades, em Estância Velha, também as pessoas foram para a rua, numa noite fria, para manifestarem-se como se sentiam em relação a situação politica, moral do país e, por consequência do próprio município.

Ao par disso, havia também o questionamento a cerca das obras e da própria realização da Copa do Mundo no Brasil.  O mote para as manifestações foi o custo deste evento.  Quando foi tomando conhecimento dos bilhões que envolviam a construção de estádios "padrão Fifa" por uma dezena de capitais do país, a população passou a relacionar este custo com a imensas necessidades no campo da saúde, da educação, da infraestrutura de transporte e mobilidade e questionou se valia a pena.  

De fato a população foi as ruas para mostrar toda a sua insatisfação, tanto quanto aos gastos com a realização da Copa, ao custo do transporte coletivo como também, contra a corrupção endêmica que perpassa todos os setores da vida publica/política e mesmo de outros setores da sociedade, fez com que milhares de pessoas tomassem as ruas das cidades pais afora.  De inicio as manifestações se constituíram em protestos contra o preço do transporte coletivo urbano, depois ganharam outras pautas. Por fim, aproveitando-se das multidões que foram para as ruas, grupos infiltrados passaram a ter condutas violentas contra o patrimônio publico e privado, numa clara ideia de desmoralizar as manifestações.

Cerca de mil pessoas participaram do protesto em Estância 
No ato ocorrido em Estância Velha, como de resto no pais, convocado pela rede social Facebook, de quase duas mil adesões, pouco mais de 1.000 apareceram.  Parte deste afastamento ocorreu por conta  do “trabalho” da administração municipal e outros grupos interessados em desacreditar o movimento impondo medo a quem estava disposto a participar, difundindo que poderia acontecer aqui o que ocorreu nas grandes cidades, onde as manifestações descambaram para a violência, destruição e confronto com a polícia. 

De qualquer forma, o ato ocorreu e os manifestantes saíram da Praça 1º de Maio, passaram pela prefeitura, Câmara de Vereadores e desceram até a BR 116, que foi bloqueada por cerca de uma hora.  Tudo numa caminhada pacífica, tranquila e critica.  Alguns dias depois, novo ato foi chamado pelo Facebook e, novamente, desta vez um grupo bem menor fez outra manifestação, a noite, pelas principais ruas da cidade.   Depois disso, o movimento auto-extinguiu-se.  Algumas poucas pessoas vinculadas ao Movimento Transparência, que nascera em 2010, no protesto contra a criação de CCs (assessores na Câmara de Vereadores), mantiveram algumas reuniões.  

Da pauta municipal
A situação do hospital, agora privatizado, entrou na pauta
Na outra ponta, ao levar para a rua as questões nacionais, a população levantou também as questões municipais que a afligiam.  Tudo o que ocorre a nivel estadual ou nacional, no fundo tem seu nascedouro ou reflexo no âmbito dos municípios. No caso de Estância Velha, o protesto levantou interrogações sobre a situação financeira da prefeitura, a prática de nepotismo na prefeitura, a decadência do sistema municipal de saúde, o mau uso  do Programa Municipal de Qualificação dos servidores e o pagamento de jetons para vereadores suplentes que assumiam na Câmara por apenas uma sessão, sem qualquer outra participação efetiva na atividade legislativa e ganhavam para isso ¼ do salário de um vereador.

O que restou no âmbito municipal de resultado daquele protesto? A real situação financeira da prefeitura continua nebulosa.  O nepotismo na prefeitura continua (o secretário de Desenvolvimento Social, continua sendo o irmão da vice-prefeita e o filho da secretária de Saúde Angela Marmitt, que era CC agora é contratado por empresa terceirizada que presta serviço a prefeitura). Aliás, secretária de Saúde, Angela Marmitt, continua no cargo, conseguiu a privatização do hospital municipal, não implantou nenhuma nova equipe de saúde, mas trouxe, por três anos médicos cubanos para preencher a lacuna da não realização de concurso público para estes profissionais.   Falhas no Programa de Qualificação dos Servidores da prefeitura (programa pelo qual a prefeitura financia estudos dos servidores) teve irregularidades apontados pelo TCE (servidor com curso superior fazendo outro curso superior – que nada tem a ver com seu cargo -  pago pelos cofres públicos). No caso do esquema existente na Câmara de Vereadores, onde os titulares apresentando atestados de saúde, proporcionavam que suplentes assumissem apenas por uma ou duas sessões, ganhando para isso o valor corresponde a ¼ do salário mensal de um vereador (R$ 1.200,00) apenas para “assistir” a uma sessão, continua, embora mais controlado.

Muitas questões ainda sem solução 
A nível nacional, o principal tema dos protestos, a corrupção, não há sinal de que tenha arrefecido.  A Copa do Mundo esta aí, acontecendo para além das expectativas até de quem era contrário a ela, embora o real “lucro” dela (as melhorias estruturais nas cidades onde aconteceram os jogos) não haja como mensurar claramente, senão que o sentimento de que muito do dinheiro nas obras investidos, vazaram por caminhos obscuros. De resto, o pais ainda continua carente de mais investimentos em saúde, educação e infra-estrutura, apenas de o Congresso ter votado a garantia de que o investimento em Educação e Saúde, no futuro, não poderá ser inferior a 10% das receitas produzidas pela nação.

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