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quarta-feira, 24 de junho de 2009

Eles fazem parte do que o Senado é


Sérgio Zambiasi, Pedro Simon, Paulo Paim. O primeiro elegeu-se há oito anos na esteira do que arregimentou de simpatia popular com um programa popularesco de rádio. Se quiser se manter deve concorrer a reeleição em 2010. O segundo, ficou menos de dois anos como governador (lembram quando?) e renunciou para viver senatorialmente. Esta por lá há quase 30 anos. Sempre aparece com discursos e gestos como paladino da ética. O terceiro, reelegeu-se em 2006. Fez do eterno discurso por uma aposentadoria justa sua marca. Sabe que isso jamais se consolidará. Na época da moeda nacional desvalorizada, fazia greve de fome por uma piso de US$ 100. Atualmente, brande a bandeira do fim do gatilho redutor que impede que o mesmo percentual de reajuste para o salário mínimo se aplique as aposentadorias. Lula queria o mesmo antes de ser presidente, agora....
Há tanto tempo no Senado, os três nada sabiam de tudo o que sempre aconteceu? E, mais, não conseguem nenhuma ação maior, um gesto outro, que o de fazer discursos indignados? Ah! Não é pelos representantes gaúchos que o Senado é pior ou menos ruim. O Senado é uma instituição inútil. Ou se pode achar que tenha utilidade uma instituição com 81 representantes que consome um orçamento semelhante ao de uma cidade como Porto Alegre?
O Senado é apenas mais uma vergonha nacional, uma chaga.

Um novo início para o fim

Nos primórdios da civilização, quando a sociedade começou a se organizar em clãs e depois em tribos os indivíduos mais velhos, passaram a constituir um poder: os conselhos de anciãos. Para eles convergiam importantes discussões de interesse da população. Ali se reuniam as pessoas mais vividas, depositárias de maior sabedoria e, também conhecimento para deliberarem sobre os assuntos pertinentes a aldeia, a cidade. Os anciãos eram escolhidos entre os mais velhos, os sobreviventes num tempo onde viver muito era algo atribuído a benemerência dos deuses ou do Deus. As decisões que emergiam do conselho serviam de orientação para as ações dos dirigentes e lideres do povo.

Na Bíblia há muitas referências a “consultas aos anciões”. “O Senhor respondeu a Moisés: “Junta-me setenta homens entre os anciãos de Israel, que sabes serem os anciãos do povo e tenham autoridade sobre ele.” (Números 11,16). Sempre aos mais velhos consagrou-se uma autoridade natural sobre os demais.

No império romano, os senex (velhos) adquiriram postura política ainda mais relevante. Era um poder do povo o S.P.Q.R – Senatus PopulusQue Romanus – que quer dizer “O senado e o povo romano”. Faziam parte dele os patrícios ilustres, mas muitos já não tão anciãos (Catilina não era um ancião, embora Cícero fosse). De qualquer forma, eram os homens não apenas de maiores posses, mas também de maior estudo e conhecimento. Muito embora tenha inventado e dado nome a esta instituição de decisões políticas, o Senado Romano não deixou de ter manchas e ser um antro de intrigas políticas e desvios morais e éticos.

Talvez seja por conta da história que o Senado Federal brasileiro, se mostre da forma como o vemos e conhecemos hoje. A chamada Câmara Alta, do Poder Legislativo, deveria ser o espaço da ponderação e sapiência necessária para aperfeiçoar e qualificar ainda mais a democracia, as leis. Uma instância composta de homens probos, virtuosos. É isso que se vê?

Há como admitir que o Senado seja uma instituição fundamental para a democracia, a um custo de mais de R$ 2 bilhões por ano? Ou que sejam necessários a cada um dos 81 senadores (que são eleitos para um mandato de 8 anos) 110 funcionários? E, não fiquemos pensando apenas no que nos custa o Senado, quando custa uma Assembléia Legislativa? Quanto custa uma Câmara de Vereadores? São, por certo, organismos importantes do corpo democrático, mas dão a si mesmo, através daqueles que, eu e tu, nós, elegemos, esta importância? Se temos as instituições que temos, somos parte da causa disso. O que fazer, se mesmo os bons, em meio a tanta nulidade, acabam, quando não sucumbindo, desistindo?

Triste país, triste estado, triste cidade que dá a si representantes políticos de tão baixo nível, de caráter duvidoso e sem nenhum princípio e respeito pela própria democracia. Em 2010, há eleição para o Senado (um senador), para a Câmara Federal (35 vagas) e para a Assembléia Legislativa (55 vagas). Reconduziremos os que se apresentarem a reeleição? Elegeremos novos? Ou votaremos nulo manifestando, desta forma, nossa indignação? Aliás, se fossemos nós os eleitos, seríamos diferentes? Faríamos um Senado, uma Câmara Federal, uma Assembléia Legislativa, diferente daquela que temos eleito ao longo dos anos? Na dúvida, desde já decidi, votarei nulo. E farei campanha para isso, como uma atitude de reflexão. Talvez seja um início, pois parecemos estar no fim.

domingo, 21 de junho de 2009

Movimento fora Yeda




Dia 19, de junho, de manhã, sindicatos capineados pelo CPERS-sindicato, promoveram mais uma manifestação na estratégia de pressionar deputados a assinarem pedido de CPÌ para investigar o Governo Yeda. A idéia é desgastar. Impeacheament é algo improvável. Aliás, Yeda não é todo o governo, há Feijó e todo o grupo que os apoiam.

No fundo, a corrupção crassa em tantos espaços públicos que a população acha já tudo natural. Por certo, se outros lá estivessem diferentes não fariam. Quando se chega a esta constatação é o fundo do poço. Haverá ainda horizontes num país onde um presidente como Lula, diz que, um ex-presidente como Sarney é uma pessoa de "história" ilibada, de serviços prestados aos país?

sábado, 13 de junho de 2009

Mãos Cansadas

As vezes cometo poesias feitas de reflexões outras. Tentei inventar aqui com imagens.

domingo, 7 de junho de 2009

Uma idéia e iniciativa diferente

Garoto lendo num cruzamento onde pedia esmolas. Não seria melhor isso?

Pequeno Pedinte

Conto de Graciliano Ramos


Tinha oito anos! A pobrezinha da criança sem pai nem mãe, que vagava pelas ruas da cidade pedindo esmola aos transeuntes caridosos, tinha oito anos.

Oh! Não ter um seio de mãe para afogar o pranto que existe no seu coração! Pobre pequeno mendigo! Quantas noites não passara dormindo pelas calçadas exposto ao frio e à chuva, sem o abrigo do teto!

Quantas vergonhas não passara quando, ao estender a pequenina mão, só recebia a indiferença e o motejo! Oh! Encontram-se muitos corações brutos e insensíveis! É domingo.

O pequeno está à porta da igreja, pedindo, com o coração amarguarado, que lhe dêem uma esmola pelo amor de Deus. Diversos indivíduos demoram-se para depositar uma pequena moeda na mão que se lhes está estendida.

Terminada a missa, volta quase alegre, porque sabe que naquele dia não passará fome. Depois vêem os dias, os meses, os anos, cresce e passaa vida, enfim, sem tragar outro pão a não ser o negro pão amassado com o fel da caridade fingida.


Este pequeno conto é um dos primeiros momentos de GRACILIANO RAMOS no mundo da literatura. Tinha doze anos e já demonstrava senso literário. Foi publicado em 1904, no “O DILÚNCULO” foi um pequeno jornalzinho editado em Viçosa, cidade do estado de Alagoas.
Apesar da tênue idade, matizes psicológicas já podem ser sentidas. "fel da caridade fingida", nessa frase percebemos intrinsecamente que Graciliano Ramos já "sentia", mesmo sendo ainda muito jovem, problemas de personalidade humana, geralmente sentidos por pessoas adultas. Seu destino como escritor estava traçado.

Cena do cotidiano



A criança juntou os restos com olhar triste
Sem forças, pela barriga infestada de vermes.
As mãos mínimas, sujas de fome e descaso
Levaram a boca o dia de hoje sem amanhã.

A mãe, em andrajos, esquálida e triste,
Segurava outra criança nos braços
Com tal prostração que parecia sem vida
Sob a marquise de todo o seu desalento.

Pessoas olham a cena apiedados,
Outras com repulsa e censura,
Alguns fingem não perceber.

E, todos passam rapidamente
Para não se sentirem parte
Naquele cenário deprimente