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sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Nova realidade do HMGV reduz atendimentos em 62,94%

Menos:  houve uma redução de 1.670 atendimentos na emergência do HMGV
A nova realidade do funcionamento do Hospital Municipal Getúlio Vargas, agora Hospital "Instituto Vida", já pode ser vista pelo volume de atendimento na emergência.  O número de atendimentos na primeira quinzena de janeiro teve uma redução de 62,94% em comparação com o mesmo período de 2013.  Até 15 de janeiro deste ano foram registrados 860 atendimentos na emergência, contra 2.313 no mesmo período do ano passado.

Na especialidade de cirurgia, no ano passado, há  28  registros. Neste ano, nenhum.  Em obstetrícia, foram 111 atendimentos. Neste ano, 52. Em 2013, foram realizados  1.670 atendimentos de clinica geral. Neste ano, 640. Na área de psiquiatria foram 17 atendimentos. Em 2014, até o dia 15, nenhum atendimento registrado. Na especialidade de pediatria, na primeira quinzena do ano passado, foram registrados 416 atendimentos. Neste ano, 181.

A questão destes números levanta uma interrogação: onde estão sendo atendidos estas pessoas que no ano passado tinham acesso a consulta e atendimento na emergência do HMGV?  Talvez a demanda das unidades de saúde da familia (USF que a gestão atual rebaixou para UBS) tenham tido um incremento do mesmo percentual igual ao que demonstra a redução na emergência do hospital.   Por outro lado, se as unidades de saúde tiveram este aumento da demanda, então, os que procuravam o hospital não o faziam em vista de situação de emergência em saúde, mas para consultas que a rotina de uma unidade de saúde poderia atender.  Ora, no entanto, faziam isso também por que não havia disponibilidade de médicos nas unidades que pudesse resolver em cada bairro onde tenha uma unidade de saúde os problemas de saúde demandados pelos usuários que não eram emergências.

Noutra ponta, ainda, o menor volume de atendimento em obstetrícia, cerca de 54%, implica também num outro fato (embora nem todos os atendimentos de obstetrícia resultem em partos): um maior número de gestantes que estão tendo seus filhos hospitais de outras cidades.  Isso (por local de nascimento) reduziria a taxa de natalidade da cidade e, em consequência, poderia aumentar o indice  de mortalidade (que é mensurado sobre o total de nascimentos num município). Visto que pode-se nascer fora e óbitos serem registrados no município.

Mas voltando a questão da redução geral da demanda no HMGV/Instituto Vida.  É visto e claro que a rede de unidades de saúde, não tem - pelo menos não tinha no período, como foi ao longo dos últimos anos -  recursos humanos (médicos) para atender aos usuários que a ela demandam.  É de lembrar que das 8 equipes de Estratégia de Saúde da Família (ESF), apenas duas funcionam com profissional médico concursado e em tempo integral (40h), muito embora em uma seja frequente as faltas desse profissional (mas isso não preocupa a secretária embora seja um desrespeito ao cidadão, chegar na unidade de saúde, esperar para receber a informação de que o médico não compareceu naquele dia).  Nas demais unidades são médicos eventuais que atendem via contrato com empresas prestadoras de serviços de saúde (terceirizado).  Então, nestas condições, para onde foi esse povo que deixou de demandar ao HMGV?  Ficou sem atendimento aos seus problemas de saúde? Estes se agravaram? Ou não tinham nada e apenas gostam de visitar e perturbar o atendimento na emergência?

É certo que a realidade da saúde num município não se mede pelo tamanho do hospital que tenha.  Antes, mede-se por uma rede de atenção primária e secundária bem estruturada e que se comunique entre si.  Quando melhor e maior for esta rede, menos dificuldade terá o cidadão para ter acesso aos serviços de saúde e, mais, havendo uma política efetiva de saúde, as ações no campo da promoção e prevenção da saúde, minimizam o custo tecnológico e humano nas ações de recuperação da saúde.   Mas isso é coisa que leva tempo para se construir e, ainda mais tempo, quando se desconstrói o que estava construido para voltar a construir de novo a mesma coisa.  Pior ainda quando, para fazer isso, a gestão da saúde funciona e atende apenas em meio expediente.


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