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sexta-feira, 15 de junho de 2012

Considerações sobre o PT e a oposição nas eleições em Estância Velha


A vida é uma sucessão de eventos que ora provocam jubilo, ora nos comovem, ora provocam dor ou apenas nos entristecem. Diz-se que se aprende muito mais na derrota do que na vitória. Pois esta, quando alcançada, não provoca a reflexão que uma derrota instiga. Na política isso é mais verdadeiro ainda.

Raizes: Pedrinho Engelmann, pré-candidato do PT, a prefeito.
Em Estância Velha, o PT venceu a eleição de 2000, utilizando-se de dois fatores decisivos. O primeiro, o anseio de mudança na população, haja visto que o reverzamento no poder de candidatos de um mesmo partido, que só trocavam de vice a cada pleito, mas a essência da direção permanecia inalterada e já esgotada. O segundo: o surgimento de um personagem novo na política do município, o empresário Elivir “Toco” Desiam. Já 1996, elegeu-se vereador, pelo PT, um fato inédito e, mais ainda, por que o partido elegeu dois vereadores. Naquela eleição o PT concorreu também com candidatos próprios a prefeitura, sendo o vice, o atual pré-candidato ao Executivo nas eleições deste ano, Pedrinho Engelmann.

Na Câmara, Toco, chegou a presidir o Legislativo, diferenciando ai também da regra geral vigente. Construiu assim, no campo político, a idéia de um diferencial num campo onde a população vê sempre a mesmice das práticas que tanto critica. Começava ali, o PT a pavimentar sua estrada rumo o Executivo Municipal. Em 2000, o PT colocou Toco na prefeitura. A gestão diferenciada, credenciou-o a representar o PT para um segundo mandato. O resultado foi uma reeleição que atingiu mais de 80% dos votos do eleitorado elegendo três vereadores do partido. A coligação elegeu mais dois, estes do PSB.

Em 2008, com movimentos internos que acabaram não agradando a maioria dos filiados, o PT construiu novamente uma candidatura dita “pura”, embora não composta de “candidatos de raízes”, para a prefeitura. Tal situação, desta vez, não resultou no sucesso e o partido foi derrotado, muito embora Toco mantivesse um alto índice de aprovação do seu governo. Atribuiu-se a derrota “fatores exógenos” que interferiram tanto no partido como na administração. Embora o fracasso na disputa pelo Executivo, o PT elegeu quatro vereadores e ainda dois da coligação derrotada para a prefeitura. Desta forma a oposição teria maioria absoluta no Legislativo. Tal situação, no Legislativo de Estância Velha, no entanto, soma muito pouco para que dali se possa constituir uma força partidária ou de bloco capaz de criar um quadro diferenciado para o próximo embate eleitoral. Tanto é assim, que hoje PSB forma esta tentando se posicionar autonomamente na disputa para a prefeitura este ano. Já o próprio PT sofreu a defecção de uma vereadora buscou prover suas aspirações pessoais num partido recém-nascido, o PSD.

Todo este quadro que se desenrolou a partir da derrota de 2008 e, ainda mais, as lutas intestinas, levou outros partidos a crença de que sem a presença direta e não apenas a onisciência do ex-prefeito Toco, o PT, não tinha mais robustez política e militante suficiente para se posicionar na arena eleitoral com a grandeza que o caracterizou nas ultimas eleições em Estância Velha, para uma disputa numa posição, senão superior, de igualdade com os demais. Assim, jogavam e esperavam, no outro lado da arena, os partidos com alguma relevância eleitoral no município (PSDB, PMDB, PP, PSB, PTB, PDT) junto com outros com expressão ainda microscópica. Assim era o quadro há dois meses. Hoje, com um pré-candidato definido e retomando a parceria política com o PCdoB (partido que na ultima eleição, embora tendo participado dos dois mandatos da administração petista optou por lançar candidato próprio), já esta agregando ainda o PR e o PRB que embora sem expressão política relevante, estão estruturados e organizados no município, adicionando com isso elementos novos ao exercito militante do PT/PCdoB.

A questão, na disputa deste ano, no entanto, embora o PT continue sendo o maior partido de Estância Velha e, ainda, conta com uma liderança política exponencial, como a do ex-prefeito Toco, não é equivoco observar que, se apresentando três ou mais candidaturas para a disputa deste ano, a divisão até agora que se vê é no campo de quem está na oposição ao grupo vencedor do pleito de 2008. A divisão da oposição é francamente favorável a quem esta no governo, sempre. O problema da oposição são os interesses e ambições pessoais, individuais que acabam se disseminando como se fosse uma atitude do partido como um todo. A soberba é a pior inimiga do sucesso. Em política se aplica isso também. Pior ainda, quando impede um diálogo entre os opositores com base em projeto político e de governo.

Em Estância Velha, o PT, pelo que se verifica nos últimos dias, reordenou o seu modo de jogar o jogo. Posicionou-se estratégicamente no tabuleiro. Não é mais uma peça que parecia se auto-imolar. A dificuldade de compor uma “frente” válida, calcada num projeto político e de governo, esta hoje na insistência nos partidos e candidatos de oposição a atual administração, gastarem seu tempo mais espalhando fofocas e falando mal da administração petista no passado (aliás, da qual todos participaram) do que fustigando os defeitos da administração atual. Fazem com isso o “jogo do príncipe”: divide e impera. Se conseguirem sair desta “caverna de sombras” e subirem para a luz do dia, talvez caiam em si, abandonem futricas e reconhecendo o potencial político e eleitoral de cada sigla, construam uma candidatura ou aliança que soma. E isso vale tanto ao PT quanto aos demais partidos que estão na arena da oposição. A questão é encontrar dentro desses partidos, lideres com a grandeza para se aproximarem ao redor de um projeto político em detrimento de um projeto pessoal. Não for assim, não se terá aprendido muito com a derrota, infelizmente. Ou seja, o que inferi no caput deste texto não se aplica em Estância Velha, quando se trata da politica-partidária local.

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