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terça-feira, 9 de março de 2010

A “escola política” de Estância Velha

O caso da criação dos cargos de “assessores” na Câmara de Vereadores de Estância Velha, de inicio causou-me indignação. Por certo, já atuei em Cargos de Confiança (CCs). Tenho uma longa experiência e vivência público-política. Tive a honra de trabalhar com pessoas investidas de verdadeiro “espírito público” e respeito a função, ao cargo do qual estava investido. Pessoas de verve ética que me fizeram entender e distinguir com perfeição o público do privado. Exemplos raros, nesta imensa selva que é o “fazer político” com senso de responsabilidade pública. Recentemente, em viagem a minha terra natal fui até uma cidade vizinha, Santo Augusto, visitar um desses “raros exemplos”. Uma visita que me fez ver o quanto aprendi e ainda, por certo, continua aprendendo dos bons exemplos daqueles que tem a noção plena da dignidade, honra e honestidade com que deve ser exercido um cargo público.

Não posso deixar anotar também que, neste caminhar militante, deparei-me com pessoas, que na “selva da política”, foram encobertas pelas árvores frondosas dos sonhos de poder perene. Perderam por ai a referência, o norte, o caminho que levava a claridade existente e possível além da umidade sufocante da mata densa e perigosa como são os meandros e veredas do poder.

“Antropon politicon”. O homem é uma animal político, ou seja, civilizado, que vive na polis (cidade), disse a mais de dois milênios Aristóteles, filósofo grego e preceptor de Alexandre Magno. Ele disse também que assim como a corrupção, a desonestidade, não são vícios inatos, a virtude, a honestidade e a ética, também não o são. Tanto o vício quanto a virtude são resultado do ambiente onde vivemos, do hábito que nos impomos, do exercício cotidiano, do esforço por conhecer o que é bem e o que é mal e fazer a escolha certa não pensando apenas em nós mas nos outros, no impacto que cada escolha tem sobre tudo o que nos cerca e faz a nossa vida.

No afã de justificar o que para eles é correto (e pode ser, cada ser humano pode criar suas próprias verdades), alguns vereadores fazem insinuações esdrúxulas que são até compreensíveis pelas limitações do seu entendimento a cerca dos conceitos sobre política, ética, virtude, honestidade. A nossa, como a maioria das Câmaras de Vereadores e, mesmo, das Assembléias Legislativa e, ainda, dos nossos “representantes” no Congresso Nacional, é apenas retrato do conceito que fazem aqueles que os elegeram a cerca destes mesmos temas, muitos embora, possam haver decepções para ambos os lados conforme a compreensão de cada um. Não é de hoje que diante de tudo o que vê acontecer na sociedade e no mundo político, o cidadão faça ainda eco a um famoso discurso proferido pelo senador-baiano e gênio, Rui Barbosa em 1914: “o homem chegar a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”.

Em Estância Velha, alguns vereadores seguiram o balido de um ou dois "guias" e, não apenas criaram os tais “cargos de assessores” como também um “Fundo” onde depositam o dinheiro que “economizam”, de um orçamento superestimado do Legislativo que reduz a capacidade de investimento e, mesmo de manutenção da "máquina pública", para só devolvê-lo ao cofre do Executivo, no ano vindouro. E, argumentam que só farão isso se o Exectivo apresentar projetos que tenham a simpatia do Legislativo, ou seja, que granjeie votos a oposição mais que a situação. A estratégia é atrasar ainda mais as ações de um Executivo já combalido pela "calourice" do governo. É um jogo onde quem mais perde é o cidadão-contribuinte que paga impostos que deveria retornar, logo, em serviços e obras.

Ao reter recursos públicos, do povo, que deveriam ser usados em beneficio do povo, e postergar o uso dos mesmos em obras e ações com este fim (como por exemplo, aquisição de medicamentos e exames de saúde) não há como medir tal atitude com outra balança senão a da estultice e desonestidade política. Parvo que sou, preferiria sempre, não sendo protagonista, ser coadjuvante e participar da obra, da ação, e não prejudicar a sua execução, mas embora muito tenha já de história e escola política, ainda não aprendi tudo, principalmente, em relação a “má política”. Mas neste tipo “escola política” como alguns querem fazer em Estância Velha (chegam até a chamarem uns aos outros de "mestres" neste ofício), eu prefiro ser reprovado.

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