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terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Não, não somos idiotas.









O
ntem, coisa de quase duas centenas de cidadãos e cidadãs movidos pela vento forte da indignação, reuniram-se em frente ao Parlamento Municipal de Estância Velha (sim, este deveria ser o nome oficial do prédio que abriga o Poder Legislativo, talvez o mais importante dos três poderes que fundam a República). É Parlamento, por que ali é o lugar de “parlare”, de se conversar, debater, sobre os destinos, sobre as leis que devem reger, regulamentar a vida na “polis” (cidade), enfim, o espaço efetivo do exercício da política da democracia representativa.


Uma das cidadãs mobilizadoras daquele movimento, daquela reunião de indignados, confessou que tinha uma expectativa de que mais gente aparecesse, afinal, não deve haver na cidade um número que possa ser significante de cidadãos que aprovassem a iniciativa dos vereadores criando mais uma dezena de cargos a titulo de “assessoria parlamentar”, acarinhados com um salário de R$ 1.500,00, cada um. Se fossem apenas dois cidadãos já teria valido a pena, já seria significativo, já seria um começo. Imagine duas centenas!!!

É certo que a tarde chuvosa, amarrada, pode ter levado muitos a não comparecerem a manifestação no horário marcado (18h30). De qualquer forma, os que não compareceram devido aquela surrada desculpa de “cansaço por um dia de trabalho”, ou algo parecido, certamente continuam não compactuando com a aberração criada pelos nossos “nobres edis”. Ou alguém, mesmo entre aqueles mais alienados, os “idiotés” gregos (cidadão que não participam da vida da comunidade), há algum que acredite que os tais “assessores” servirão a população e não funcionaram apenas como “cabos eleitorais” dos vereadores, só que pagos com o dinheiro do próprio eleitor?

A mobilização, a manifestação pode ser um marco, pois, o que se viu ali foram pessoas conversando civilizadamente e pedindo para inscrever seus nomes no abaixo-assinado contrário a ação dos “nobres edis”. Não se viu ali nenhuma manifestação de cunho político partidário, até por que entre os manifestantes estavam pessoas de todas as simpatias partidárias e também aqueles sem nenhuma simpatia. O que se viu foi o gesto inicial de uma população cansada, rebelada, contra a falta de ética e de responsabilidade cidadã das pessoas as quais delegamos o poder de trabalhar pelo bem da comunidade. Infelizmente, os nossos vereadores não conhecem o termo “bem comum”, tem outra interpretação para o conceito de comunidade, inverteram a idéia de ética com princípio necessário da vida em sociedade e transformaram a arte da política num exercício triste da falta de caráter.

Fiquei orgulhoso que, diante do acinte, do desprezo com que nossos vereadores lidam com a “coisa pública”, há ainda pessoas de bem, que não querem se comportar como os “idiotés” gregos. Podem não ser muitos ainda, mas são já o número suficiente para dar início a uma nova atitude frente a este “estado de coisas” que se tornou tanto a vida política na nossa cidade, no nosso estado, no nosso país. São em momentos como estes que vê quem é cidadão. O primeiro passo foi dado, o caminho assim, se faz andando. De fato, não somos todos nem idiotas no conceito atual, nem “idiotés” no conceito dos antigos gregos. Antes, somos cidadãos.

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