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terça-feira, 27 de agosto de 2013

Release da prefeitura, publicado pelo jornal ODiário, revela desinformação sobre o funcionamento do próprio sistema de saúde


O release da assessoria de imprensa da Prefeitura de Estância Velha, que o Jornal ODiário publicou na edição deste dia 27, sob a manchete de "Equipes prestam atendimento domiciliar" revela duas coisas: ou a assessoria de imprensa da prefeitura não conhece como funciona o sistema de saúde do município com a Estratégia de Saúde da Familia ou a própria secretária não sabe do que se trata a principal politica de saúde implantada no município nos últimos anos.  Tem-se que anuir isso, uma vez que a matéria não foi fruto de pauta de reportagem do jornal.               

A visita domiciliar (VD) é uma das atividades mais relevantes de uma Equipe de Estratégia de Saúde da Família (o município recebe recursos do Ministério da Saúde por 8  equipes que deveriam estar em pleno funcionamento).  A informação de que "atualmente 32 pessoas utilizam o serviço"  no município, atribuído a secretária Angela Marmit, se verdadeira, a secretária deve estar exercendo o seu cargo em outro município e não em Estância Velha.  Explico.  A VD é uma das atividades realizadas pelas Equipes de ESF a usuários cadastrados em cada equipe e que, precisando de cuidados médicos, de enfermagem ou de dentista, estejam impossibilitados ou sem condições de se deslocarem até a Unidade de Saúde da Família (é Unidade de Saúde da Família  e não Unidade Básica de Saúde, cuja concepção é diferente). 

Então, as 32 pessoas que recebem atendimento domiciliar, referidas na reportagem são , na verdade, as atendidas com o programa de oxigenoterapia.  Ou seja, tratam-se de pessoas que necessitam de uso continuo de oxigênio.  Este serviço é realizado pelo SUS/prefeitura mediante um contrato com uma empresa.  Esta, a partir de um cronograma de necessidade, aporta semanalmente ou quinzenalmente ou com outro prazo, o oxigênio (em cilindros) necessário a manutenção do usuário.  O número de pessoas que utilizam este serviço, via de regra, gira em torno três dezenas, em algum tempo mais, noutro, menos.  Inclusive, neste dia, há 36 usuários cadastrados neste serviço e, o usuário, referido no "release" foi a óbito no dia 8 deste mês, o que indica que o release foi feito há, pelo menos, um mês e só agora foi publicado como "matéria jornalistica" de ODiário.

Já as visitas domiciliares de pessoas impossibilitadas de deslocamento são realizadas a partir de um agendamento prévio de cada equipe de ESF, conhecedora que é da realidade da área onde atua.   Então, como são 8 equipes (embora apenas duas funcionem de forma completa com todos os seus membros sendo servidores efetivos/concursados. Na unidade de saúde do Centro, por exemplo, desde o ano passado não tem médico que faça esta atividade) cada uma estabelece um dia ou turno da semana para realizar estes acompanhamentos (de acordo com cada necessidade).  Por isso, pode acontecer, em algum dia da semana, que não se encontre na USF médico, enfermeira, técnico de enfermagem ou dentista, no local, pois este pode estar fazendo a VD.  Em geral, por turno, podem ser realizadas até cinco visitas.  Tudo depende do acesso e morbidade (doença) que esta acometida a pessoa do domicilio visitado. 

Diga-se ainda que, a equipe de ESF, desenvolve outras ações que os usuários das unidades conhecem muito bem.  O trabalho de uma equipe de ESF, não se resume apenas a disponibilidade de consulta médicas.  Assim cada equipe tem um planejamento e organização próprias.  Isso proporciona que consigam atender a todos os programas de saúde (pré-natal, puericultura, hipertensão e diabetes, coleta para exame citopatológico, combate ao tabagismo, orientação ao planejamento familiar, saúde mental, etc) e também atender a demanda por consultas médicas.  Normalmente, na parte da manhã o atendimento é da demanda de consultas médicas e na parte da tarde o atendimento, quando individual, é de agenda de consultas dos programas de saúde.  E há ainda, o atendimento para curativos, retirada de pontos, vacinação.  Normalmente, a média de pessoas que procuraram e são atendidos em algum tipo de serviço de saúde numa USF, gira em torno de 100 pessoas por dia (8h). No plantão de emergência do Hospital são em torno de 180 atendimento por plantão (24h).

Isso tudo deveria ser sabido pela gestora de saúde do município, tanto quanto pelo nosso nobre alcaide municipal,  se ambos administrassem, de fato, um municipio chamado Estância Velha.  Diante desse tipo de material e informação que repassam a população e um jornal de grande circulação na região serve de veiculo condutor, chego a duvidar.

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