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terça-feira, 25 de maio de 2010

Farmacopéia trespassense e H1N1

Toda a vez que vou a Três Passos, duas coisas me chamam a atenção – além do prédio inacabado onde esta instalada a Comercial Saracura, quem tem mais de três décadas, em pleno centro -, a profusão de revendas de carros usados e de farmácias. Devo estar enganado ou já desatualizado, mas contei quase 20 revendas de carros e, não menos de 12 farmácias. Para uma população estimada em 26 mil habitantes (muito embora haja o caráter de ser um centro regional) isso chama a atenção.

Já houve um tempo em que Três Passos, então ainda com os territórios de Tiradentes do Sul e Esperança do Sul, contava com inacreditáveis, cinco estabelecimentos nosocomiais (em linguagem menos barroca: hospitais). Isso, no inicio da década de 80, quando a população do município todo não passava de 35 mil habitantes, se tanto. Somados todos, acredito, que chegava-se a uns 200 leitos. Significativo para a época. Hoje, restam um e meio hospital, atendendo a mesma ou maior população, visto o caráter regional do Hospital de Caridade, agora dotado de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e a situação cambaleante do Hospital São José.

É certo que a rede de assistência a saúde de Três Passos, nos últimos anos recentes, tomou um rumo de modernidade, no que tange a atenção primária em saúde. Ou seja, a adoção da Estratégia de Saúde da Família (ESF), envolveu a implantação ou instalação de Unidades de Saúde da Família (ESF), com equipes de profissionais de saúde em tempo de 40 horas/semanais. Trata-se, na verdade, a ESF, de uma estratégia de Estado, baseada em dois dos fundamentos do Sistema Único de Saúde (SUS), a promoção e a prevenção em saúde. Isso quer dizer que, se abandona a visão hospitalocêntrica (a doença com centro), para se atuar da educação em saúde. É bem menos oneroso investir nisso do que a população adoecer com mais facilidade.

Mas voltemos, a questão que chama a atenção hoje. Deixando de lado as revendas de carro e permanecendo no campo da saúde: a irradiação de farmácias pela cidade. Já vai longe o tempo da Farmácia Colombo, da Farmácia Assis Brasil e da Farmácia do Osmar (não lembro o nome fantasia), ah! E da farmácia São José. Hoje, as farmácias também ganharam outra dimensão, não só em número de unidades existentes na cidade mas também na diversificação do que comercializam. São drogarias, perfumarias e estéticas (tal o número de chás e outras infusões que vendem prometendo aquilo que um bom controle alimentar resolve: reduzir o peso).

Talvez seja pela profusão de farmácias que, de repente, podem ocorrer fatos como este: na campanha da vacinação promovida pelo Ministério da Saúde contra a gripe A (H1N1), a rede de Unidades de Saúde da Família da cidade não dispusesse da vacina, mas a rede privada sim, a um preço módico de R$ 150,00. É um fato estranho, pois, em todo o país foram disponibilizadas quantidades suficientes na rede pública, de acordo com as faixas etárias da população que deveria ser vacinada. Esquisito também que, devido a alegada falta de vacina na rede básica, fosse indicado aos usuários do sistema que buscassem a mesma em farmácias privadas. Será que isso esta acontecendo mesmo em Três Passos? Seria interessante o Conselho Municipal de Saúde observar se isso não passa de mero burburinho.

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