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sexta-feira, 6 de março de 2009

Artigo

Qual o teu herói? Tiradentes ou Gonçalves Dias?

*Juarez Braga Zamberlan

Com chamada fotográfica na capa, o jornal Atos & Fatos, em sua edição de 28/02/09, publica na pagina 3, extensa matéria sobre a possibilidade do governo do Estado instalar uma unidade do Colégio Tiradentes em Três Passos. Relata trâmites, ilustra audiências, faz referencia a ”pleito da região”, parcerias e reformas, além de explicitar detalhes da criação e funcionamento do referido colégio.
É sabido que o Colégio Tiradentes é ligado à Brigada Militar. É sabido também que todos os governos buscam através da educação formar cidadãos segundo suas concepções filosóficas e ideológicas. Críticos ou disciplinados, como se os dois tipos não pudessem conviver em harmonia.
Pois bem, no mesmo momento em que as autoridades políticas e educacionais da região tratam do “pleito da região” extraído sabe-se lá de onde, a imprensa informa sobre o fechamento das escolas itinerantes em funcionamento nos acampamentos e assentamentos do MST. Neste projeto regional certamente o Estado, município e parcerias deverão alocar recursos. Se a “implantação da escola junto a Brigada Militar” se der em um prédio desativado da BM, grandes reformas, adaptações, recursos humanos e materiais (dinheiro público) serão despendidos. As ditas parcerias entrariam exatamente com o quê? Alguém tem dinheiro sobrando para ajudar o Estado a implantar uma escola militar?
Existe uma escola estadual, com infra-estrutura completa, bem localizada, que não oferece a possibilidade dos alunos freqüentarem o ensino médio. Trata-se da Escola Estadual Gonçalves Dias, no bairro Pindorama. Por que simplesmente não racionalizar, implantando o ensino médio nesta escola, ao invés de percorrer o caminho mais longo e de maior custo?
Quais interesses movem nossas ilustres autoridades?
Descartada a ingenuidade, que não o caso, é cabível afirmar que são interesses ideológicos coerentes com a política educacional do governo Yeda. Por um lado, busca instalar uma espécie de filial de um colégio localizado a quase 500 quilômetros, para atender estudantes que não se sabe existirem, enquanto fecha arbitrariamente as escolas itinerantes que funcionam precária e bravamente nos acampamentos e assentamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST, o bicho-papão. Estas escolas atendem perto de 600 alunos. Para saber mais, ler matéria postada em 02/03/09, no blog http://www.rsurgente.net.
A propósito, fechar escolas na caneta, sem ouvir as comunidades não é privilégio do governo Yeda, notório por sua estreiteza e escândalos. Ouvir a comunidade é difícil. Então, acatar suas opiniões é quase impossível.
Voltemos ao mártir da Inconfidência e ao poeta do exílio. A população regional vem decrescendo. A Escola Espírito Santo e a CNEC recentemente fecharam suas portas. As escolas públicas e privadas recebem cada vez menos alunos de ensino médio.
De onde surge então esse “pleito da região”?
Estaria correto dizer que é a criatividade de educadores e autoridades desejosas de varrer do mapa, dos livros e da história o tipo de educação libertadora ensinada por Paulo Freire, como afirma matéria de Mauricio Dias, na página 32 da revista Carta Capital nº 534, de 25/02/09?
Diante disso, é razoável afirmar com todas as letras: a educação está muito mal no Rio Grande do Sul. E pode piorar.

* Estudante de jornalismo, diretor do Sindicato dos Bancários e secretario do PT Três Passos.

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