É preferível a pior das democracias a melhor das ditaduras. Não sei se alguém, alguma figura eminente na historia já andou dizendo algo semelhante (parece-me que tem uma frase semelhane atribuida ao Wiston Churchil). Mas se era um democrata, um cidadão com consciência do seu ser político, um defensor da liberdade, alguém em permanente exercício do seu aperfeiçoamento ético, certamente pensaria assim. Então, faço minhas as palavras que podem não ser minhas com as quais iniciei este parágrafo.
Esta reflexão sobre a democracia, veio de novo a meu pensamento, após a sessão da Câmara de Vereadores de Estância Velha, na qual estive presente. Devo dizer que faço sempre um grande esforço para me fazer assistente do “debate” que se estabelece na Casa Legislativa. É claro que o exercício do mandato de vereador não se dá apenas no interior do prédio que abriga a Câmara. O mandato de vereador é uma investidura que o cidadão concede a outro cidadão na confiança de que ele vá representá-lo no exercício da vigilância e do aperfeiçoamento do processo democrático.
É certo também, ao senso comum, que poucos vereadores estão cientes do papel que tem. Há quem afirme que ninguém se faz candidato a um cargo legislativo municipal por idealismo, nem por ideologia, mas por puro pragmatismo em vista da oportunidade de desfrutar fatias de poder e, é certo, pelas benesses desse, entre as quais o salário. Na sua totalidade, há que afirme, se é candidato com este interesse. No exercício do mandato alguns passam a uma compreensão e exercício mais ideológico, dentro do espírito político, outros atiram-se como hienas buscando garantir nacos do erário público sem qualquer pudor e outros, simplesmente, tomam ciência de que não tem perfil nem para um nem para outro, e eclipsam-se em seguida da vida pública.
As hienas no espaço político certamente são em maior número que os idealistas. Não é difícil de se notar isso. São na verdade tantas, que fazem do exercício dos seus mandatos uma profissão. Não uma “profissão de vida” no sentido do “fazer político”, mas uma profissão como ganha pão. Isso é ruim. Pois, se mesmo assim forem decentes, honestos, podem outras “hienas” entrarem na disputa do seu território e ele ficar de fora. Como ficou muito tempo vivendo do que vivem as hienas, suas aptidões e qualidades físicas para outras atividades da vida que exigem outro preparo, se deterioram e, assim, sem o cargo, de repente, encontram-se, em pleno sol sem qualquer protetor.
O exercício de um mandato para qualquer pessoa, seja ele um idealista ou uma "hiena," tem o seu valor como aprendizado. Porém, ao se dedicar totalmente a ele, pode-se acabar ou atrofiar outros músculos e com isso desaprender ou, pior, perder espaço no âmbito da vida privada que é eterna, enquanto a vida pública do exercício político é passageira. Na maioria das Câmaras de Vereadores, o exercício do mandato é a única atividade “profissional” do vereador embora a ele, na pratica legislativa, dedique menos da metade de um dia. O restante, não é pratica legislativa é clientelismo. E entenda-se como "prática legislativa" não apenas o debate em plenário mas o trabalho de fiscalização e o movimento junto a população, buscando o esclarecimento do eleitor sobre os princípios do exercício de um mandato numa democracia representativa.
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