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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Loteamentos e o ambiente natural





Quem sai do centro de Estância Velha, pela avenida Presidente Vargas, ou que chega pela mesma via, já observa a esquerda de que sai ou a direita de quem entra, que há na entrada para o bairro Floresta, obras de um novo loteamento em andamento. Tocado pela Imobiliária Estância Velha. Passando por ali, pude observa a cidade de um outra ângulo. Bonito. Mas ocorreu-me, um pensamento. É, por certo, um pequeno morro acentuado, encimado por um resto do que parece ser uma mata nativa. Deve, por certo, o projeto de loteamento e urbanização ter passado por uma delicada e cuidadosa análise da prefeitura. Não vou entrar neste mérito.


É certo que todo o loteamento ou mesmo movimentação em área antes de mata natural ou florestada, enfim, qualquer atividade humana em ambiente natural tem impacto por que altera o habitat de inúmeros seres e não apenas. Será que isso foi analisado? Ou, ainda, o progresso, a urbanização exige sacrifícios do ambiente natural que é substituído por concreto, asfalto, calçamento?


No loteamento em questão quantas famílias, pessoas irão morar? Quanto lixo, esgoto produzirão? Para onde correrá o esgoto, será tratado ou cairá direto nas nascentes do Arroio Preto que nasce por ali e já sofre disso com o próprio e atual bairro floresta? Ou as águas pluviais que depois de urbanizado o local não penetraram mais na terra coberta por asfalto ou outra pavimentação, não correrão por um lado em direção a Vila Rangel e ao Rincão?


Bem, são dúvidas que devem já ser absorvidas ou resolvidas dentro das leis municipais tipo Plano Diretor, Código de Posturas, Código de Obras, etc. Mas é de se pensar. Há outros loteamentos na cidade, no Bela Vista, por exemplo, onde nota-se nas chuvas, o quanto de terra escorre para a Avenida Brasil. Normal. Onde antes havia vegetação que protegia o solo hoje há pedras irregulares (calçamento) e terra desnuda ou preenchida por casas.


Acredito que qualquer loteamento – não sei se as leis elaboradas pelos nossos técnicos e legisladores pensaram nisso – deveria antes de tudo contemplar um completo projeto paisagístico. Sabe-se que o Poder Público contenta-se que os projetos de urbanização e loteamento deixem alguns espaços ditos “áreas verdes” mesmo que sobre eles não haja a não ser, no máximo, grama e capim. Aliás, estes espaços depois o poder publico tem que construir praça e ajardinar, quando não doa para alguma entidade ou associação.


Na verdade, dada a expansão urbana e as necessidades de moradia qualquer loteamento novo mereceria um debate mais profundo sobre a extensão do seu impacto no ambiente. Não apenas de imediato, mas o quanto isso afetará a vida das pessoas ao redor e daquelas mesmas que irão residir nele. Complexo. Difícil mas necessário pensar-se e discutir melhor estas questões que mexem com a vida da "polis" (cidade) e dos "polités" (cidadãos).

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