Num país em que planos oficiais levam mais tempo do que o razoável
para sair do papel, o pacote de compras governamentais de R$ 8,4 bilhões
anunciado em junho passado para reanimar a indústria nacional acabou
justificando mais o entusiasmo do que as dúvidas com que foi recebido.
Apesar
da desconfiança quanto ao ritmo em que seria implementado, em sua maior
parte o plano saiu do papel e já começou a produzir efeitos positivos
para o setor no ano passado, inclusive no Estado.
Incluído no PAC Equipamentos, o investimento beneficiou a indústria
de caminhões, ônibus, equipamentos e móveis. Com exceção das 3 mil
patrulhas agrícolas previstas – que incluíam a compra de tratores,
máquinas e implementos –, todo o restante do planejamento foi cumprido.
As licitações foram realizadas ainda no ano passado.
Por meio do programa Caminhos da Escola, foram adquiridos 8.570
ônibus para o transporte de estudantes. Líder no setor, a gaúcha
Marcopolo, de Caxias do Sul, abocanhou quase a metade: uma fatia de
3.911 unidades (45,6%) do total. Em outubro, em nova rodada de
aquisições, foram licitados mais 8 mil veículos escolares, e a empresa
gaúcha venceu a concorrência para mais 4,1 mil carrocerias, que serão
entregues neste ano.
De acordo com o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de
Ônibus (Fabus), José Antônio Fernandes Martins, o investimento oficial
ajudou as indústrias a fecharem o ano com queda na produção inferior à
esperada. Com o empurrão do programa, projeta o executivo, o setor
poderá bater neste ano o recorde de 2011, quando foram produzidas 31,7
mil carrocerias de ônibus.
– As empresas iniciaram o ano com mais de 13 mil ônibus escolares na
carteira – diz o dirigente, que também é ligado à Marcopolo.
O grupo Randon, também de Caxias, venceu licitação para fornecer 643
retroescavadeiras de um total de 3.394, que serão repassadas a
municípios pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário. As máquinas serão
entregues até junho e garantirão à controlada Randon Veículos um
faturamento de R$ 120 milhões em 2013, cerca da metade do esperado pela
empresa para o ano.
– No ano passado, a indústria sofreu muito. Esse programa veio como
um oxigênio para o setor – avalia o diretor corporativo da empresa,
Norberto Fabris.
Outro setor tradicional da indústria gaúcha beneficiado foi o de
móveis. Ainda no ano passado, foram licitados 3,2 milhões de itens de
mobiliário. Segundo o presidente da Associação das Indústrias de Móveis
do Estado do Rio Grande do Sul (Movergs), Ivo Cansan, quatro empresas
venceram pregões de fornecimento.
– Pelo menos 15% do total veio para empresas do Rio Grande do Sul – calcula Cansan.
Fonte: Zero Hora.
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