Diante das
afirmações do prefeito Waldir Dilkin (PSDB) e do “balanço” da sua secretária de
Saúde, Ângela Marmit (foi secretária de saúde do município em 1997/2000), a
cerca da “saúde em números”, principalmente, no que tange aos custos
financeiros, fui atrás dos mesmos tais números.
É ridículo que um prefeito em segundo
mandato faça uma afirmação do tipo: “O SUS dá prejuízo para o município”.
É bom que se
diga que o SUS, no que resume a sua sigla é um “Sistema Único de Saúde”. Único
e público. Há farta legislação a cerca do como funciona. Basicamente, se pode resumir quanto as
atribuições de cada ente da federação o seguinte: à União cabem os procedimentos de alta complexidade/alto custo; aos Estados,
os de alta e média complexidade; aos Municípios, de acordo com o seu nível de vinculação ao SUS, as ações básicas e as
de baixa complexidade e, segundo acordado com os Estados, as de média e
alta complexidade para as quais possuam recursos financeiros, humanos e
materiais.
O SUS foi
concebido como um sistema, isto é, como um conjunto, cujas partes
encontram-se coordenadas entre si, funcionando segundo uma estrutura
organizada, submetida a princípios e diretrizes fixados legalmente. Sendo um
sistema, as partes que o compõem integram uma rede regionalizada e
hierarquizada (CF, art. 198), sob o comando da União, a quem cabe definir as
regras gerais sobre a matéria. O sistema é único porque subordinado aos
lineamentos básicos emanados da União, que os estabelece nos termos do
explicitado no art. 23 e seu inciso II, da Constituição Republicana. Aos
Estados cabe, segundo o mesmo dispositivo, detalhar as regras aplicáveis no
âmbito de suas atividades ou segundo o que a legislação federal lhes atribuir.
Aos Municípios, no exercício de uma competência que é apenas residual, cabe
disciplinar as questões restritas às suas peculiaridades.
Parece que,
ainda, depois de quatro anos com “autoridade de quem conhece o assunto como a
palma da sua mão” (conforme reproduz a matéria publicada no O Diário edição
de 26.03.2013), o nosso prefeito
continua com o conhecimento limitado a cerca do SUS, ou seja, só até o alcance
do diâmetro da palma da sua mão e, não, como a palma da sua mão. A questão é de
fato de cunho programático-ideológico ou, mesmo, o que é pior de
desconhecimento disso. Haja visto que já
houve quem do alto do poder ao qual foi alçado na prefeitura afirmasse, por
exemplo, que a Estratégia de Saúde da Familia (ESF) era uma invenção do PT. Demonstram cabal limitação intelectual quanto
também de princípios em relação ao “fazer saúde”. Não se pode deixar de reconhecer que foi na
administração do PSDB, do mesmo partido do prefeito, a nível federal que foi
implantado o PSF, que o PT transformou em Estratégia de estado para a área voltada
para a promoção e prevenção em saúde.
Aliás, diga-se
que nos quatro anos da Administração passada, embora no programa de governo
houvesse o compromisso para a “ampliação da ESF”, nenhuma nova equipe foi
implantada. Pior, as oito que existiam foram desmontadas. A gestão da saúde, que navegou de ruim para
pior, cuidou para que isso acontecesse.
Com uma visão hospitalocêntrica e terceirizante dos serviços de atenção
primária em saúde, a administração elevou de R$ 283,21 (2008) o gasto per capita/ano em saúde para R$
452,38 em 2012 sem que a população notasse a melhora nos serviços,
ao contrário. O que se pode inferir
disso? Que a gestão da saúde trabalha
com questões pontuais e não desenvolve uma política de saúde para o município,
a não ser esta, de gastar muito com pouco resultado global.
Na gestão
passada foram trocadas quatro vezes de gestor da saúde. Infelizmente, ficou
valendo a “lei de Murphy”. Chegou-se a
tal ponto que a Administração entra no seu segundo mandato sem ter sequer um
Plano Municipal de Saúde que defina o caminho que irá percorrer nesse quadriênio.
O máximo que anuncia é a possibilidade de construção de um prédio para a
instalação de uma unidade básica de saúde, no bairro Lago Azul. Acena, ainda com a promessa não cumprida de
construção prédio que centralize duas unidades básicas de saúde no Rincão dos
Ilhéus. Uma idéia totalmente avessa ao
que preconizava o PSF, idealizado pelo PSDB de FHC e de Serra, hoje dito ESF. Tal atitude demonstra mais uma vez que tanto
em se tratando da visão meramente curativista, quanto de uma visão voltara para
a promoção e prevenção em saúde, Waldir Dilkin e a quem atua na gestão da saúde,
não sabe nem o que é uma nem o que é outra e, pior, confunde-se com ambas. Passarão
mais quatro anos e, nesta área, continuará a sensação que se verificou no
mandato passado, de que em saúde, em Estância Velha, gasta-se muito e tem-se
pouco resultado em termos da satisfação da população com a qualidade e
disponibilidade dos serviços pertinentes a responsabilidade do município disponibilizar.
A cantilena
cansativa de que a administração “gasta” o dobro do que a Constituição institui
como dever do município é mera cortina de fumaça que, pelo visto será utilizada
por mais quatro anos para se justificar a falta de uma política de saúde ou, o
que é pior, para tentar encobrir a idéia privativista de saúde. Ou seja, saúde é
para quem pode pagar. Ou, pior, voltar aos
tempos do INAMPS, distribuindo “carteirinha de carente”. Saúde é um direito do cidadão e um dever do
Estado. E Estado nas três esferas da nossa República Federativa. No município o prefeito é eleito como
representante do Estado, para fazer saúde
e não para ficar se queixando que a “saúde da prejuízo” aos cofres
municipais. Se há muito gasto e pouco
resultado seria melhor olhar de perto e compreender que saúde não é apenas lidar na doença, mas antes impedir que
as pessoas fiquem doentes, agindo na promoção e na prevenção. Aliás, isso tem um custo, no mínimo 10 vezes
menor do que aquele que se precisa dispor quando o cidadão por falta de atenção
primária caiu no hospital, vitima de um AVC, das complicações do diabetes, do
tabagismo ou quando se perde uma criança ou uma gestante em decorrência de um pré-natal
mal conduzido ou não realizado por falta de acesso.
INFELIZMENTE É O QUE TEMOS, A CARICATURA DE UM PREFEITO - que não sabe o que faz muito menos o que diz!
ResponderExcluirO Sistema Único de Saúde (SUS) tem pouco mais de uma década e meia de existência e como poucos sistemas utilizados no país tem sido capaz de estruturar e consolidar um sistema público de saúde de enorme relevância e que apresenta resultados quantitativos e qualitativos inquestionáveis para a população brasileira.
Apesar de serem muitos os avanços na área da saúde, dos grandes benefícios obtidos pela parcela mais carente da população em poder alcançar alguns objetivos, os desafios a serem conquistados ainda são muito grandes, pois sabemos que não raras vezes a universalização não ocorre e os programas passam a ser focalizados.
Vários foram os fatores que levaram à implantação e efetivação do SUS, tais como o acesso seletivo à assistência à saúde, deixando enorme contingente populacional sem atenção; a mobilização governamental para reformular a assistência até então existente; o Movimento da Reforma Sanitária e o Sindical; a ampliação do conceito de saúde; a formulação de proposta de reorientação do sistema de saúde, a criação de legislação que viabilizasse a implantação e efetivação do SUS, os dilemas para alcançar a equidade no financiamento do setor, os avanços e recuos nas experiências de controle social e falta de articulação entre os movimentos sociais. Todos esses fatores proporcionaram a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), garantindo legalmente a democratização da assistência à saúde.
O Sistema Único de Saúde foi criado em 1988 e implantado em território nacional em 1990 com as leias 8080/90 e 8142/90, portanto ele tem já 23 anos de existência.
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