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terça-feira, 26 de março de 2013

Non habemus defectubus

E neles se cumpre a profecia de Isaías, que diz: Ouvindo, ouvireis, mas não compreendereis, E, vendo, vereis, mas não percebereis”. (MT 13:14)
  
Li com atenção a matéria publicada na edição de O Diário, de hoje (26.03.13), com  a seguinte manchete: Em seis meses prefeitura acaba com o déficit.  Tratava a mesma de uma espécie de "prestação de contas" do prefeito Waldir Dilkin (PSDB) e do seu secretário da Fazenda, Claudio Staudt.  Não pude deixar de pensar: “Estamos no período da  Páscoa!”  Para aproveitar o meu gasto latim, fosse no Vaticano, imaginei que a manchete seria esta: Non habemus defectubus (Não temos déficit).  Ri de mim mesmo tão parvo e limitado que sou em se tratando de compreender estes meandros da politica e da administração pública. Como a matéria jornalistica, por dificuldade de espaço, limita a exposição maior de fatos, dados, números eteceteraetal, fui "cavocar" informações, tentando forçar minha limitada massa cinzenta a compreender tal manchete. 

Lembrei-me que a prefeitura fechou o balancete de 2012, conforme registrado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE),  anotando como “restos a pagar”, R$ 6.156.731,89.  Ou seja, débitos que ficaram para serem pagos no ano de 2013. Pior, deste valor, R$ 3.628.241,83, anotados como "insuficiência financeira" para prover.  Algo que não era registrado no município há muito tempo.


De forma que fiquei felicíssimo ao saber que tal situação já foi saneada nos dois primeiros meses do atual exercício (como faz bem a opção preferencial da população por liquidar o IPTU aproveitando o “desconto”, ajuda a dar uma falsa sensação de o ano ser generoso em termos de receita).  É certo que o “apóstolo” deste milagre, Tarcisio Staudt, tem credenciais suficientes para uma conversa com o “Ente Superior”, olho no olho. Deve ser por isso que postulou tal milagre e “Este” lho concedeu.  Chegou no final da administração Dilkin/Schuh, viu a casa toda desarrumada, o prefeito em campanha e as finanças do município do jeito que o “Diabo” gosta.



As finanças públicas são um terreno movediço, um cipoal incompreensível para um leigo com certa ojeriza de números e termos contábeis.  Ainda tento entender o que significa o município fechar 2012 com o registro de uma “divida consolidada” de R$  4.082.917,23. Que raio é isso?  E, mais, como chegamos a isso se em todo o período que antecedeu a gestão passada – que parte da população elegeu para repetir-se neste próximo quadriênio – não apareciam números assim tão altos, nesta rubrica?


 Ainda.  Não bastasse a administração ter usurpado parte dos recursos que deveria destinar para prover o Fundo de Aposentadoria dos Servidores (FAP) – diga-se, com a anuência destes – o que se constitui um crime, conseguiu parcelar a reposição do que se apoderou sem sofrer qualquer ação penal.  É coisa da “Terrae Brasilis” mesmo.  Também,  coisa que não se observava antes, como um município com sólidas receitas e equilibradas despesas, credenciou-se a um empréstimo de R$  2.741.362,67 (parte deste usado para asfaltar a Walter Klein, diga-se). Miraculum! Diriam os cardeais reunidos no conclave que aconteceu recentemente no Vaticano, onde, coincidentemente, uma das preocupações eram justamente as finanças da Igreja Católica talvez mais do que a escolha de um Papa para geri-la. Em Estância o problema foi resolvido mais rapidamente do que será, certamente, o da Igreja.


Milagres, na contabilidade, não existem. É evidente que, uma divida de R$ 4 milhões e o fato de haver “restos a pagar” de R$ 6 milhões, no fechamento do exercício anterior, diante da receita do município – neste ano orçada em mais de R$ 100 milhões -, não abala e nem quebra o município.  É apenas uma pedrinha incômoda que logo pode ser retirada do sapato do prefeito ainda mais, com um prestigitador qualificado ao seu lado.    O fato da Administração ter chegado no último ano do mandato nesta situação periclitante e entrado no novo mandato sentido o incômodo da “pedrinha”,  revela que só aquele que levou o município a esta situação naquele período, tem a responsabilidade de tirá-lo dela.  Deve ter sido por isso que parte do nosso sábio eleitorado o reelegeu, aproveitando-se da divisão entre aqueles que se lhe opunham.   Assim, buscou um “apóstolo”, um “missionário”, um “bispo”, com qualificações “internacionais”, predicados “mundiais” e, para além disso, “universais”.   E tudo isso, sem ‘tijolinho”, “toalhinha” ou que pertencesse a “Nação dos 318”.    Estância Velha, estará nos próximos anos, finalmente, em boas mãos.

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