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terça-feira, 15 de março de 2016

O governo do PT fez bem ao país mesmo quando fez mal




Lula construiu um governo para a historia do pais: no bem e no mal
O governo de Lula, o PT, fez tão bem ao país, que não reparamos que não fez nada para mudar o mal que já estava instalado em todos os cantos do poder há décadas. Pior que isso: fizemos de conta que não notamos que passou a usar do "mal" já instalado para garantir a sua perenidade, quando não, o beneficio próprio e de gente próxima (família) ou dos “aliados” que buscou para governar mas que se qualificaram mais para a rapinagem, posto que já conheciam os caminhos. Vide o caso do senador Delcidio do Amaral, que buscou nas hostes do PSDB. 


Antes, com a revelação do mensalão, o governo ia de vento e popa, tanto que, embora tenhamos assistido todo o julgamento do processo, ao vivo, revelando envolvimento e condenação de gente graúda  que estiveram ou estavam no governo e mesmo fora dele, achamos que, ainda, o bem feito era muito superior ao mal que aparecia e que o mal era invenção de que era contra o bem que o governo fizera até ali. E elegeu-se Dilma.  


Passados mais quatro anos, ainda havia um resto de sentimento de que o país melhorara, o desemprego decrescera, a distribuição de renda atingira milhões, a miséria decaíra, o preço do petróleo estivera na estratosfera mas aqui a gasolina continuara acessível a todos, pois estávamos sendo governador por pessoas qualificadas, competentes.   Com este sentimento 52 milhões de brasileiros deram a Dilma mais um mandato, mesmo com a eclosão da Lava-Jato já tendo ocorrido. 


Dilma: a que foi sem ter sido pode acabar saindo pelo que os outros fizeram 
Certo. Talvez se tivesse votado na reeleição de Dilma, não diante dos fatos que se acumulavam, mas porque as opções a ela não eram seguras – pode-se dizer que João Santana fez o melhor trabalho de desconstrução de adversários políticos que algum outro marqueteiro já tenha feito no mundo e, por outro lado, os principais adversários, de fato, não eram lá flor que se cheirasse – e optamos pelo candidato que achávamos já conhecer o suficiente e que não mudaria uma palavra do que afirmara em campanha.  Erramos. Errei. 


Todo o erro tem consequências. Assim, são as escolhas que fazemos na vida.  O governo apodreceu, dizem alguns.  Uns o dizem por conta dos respingos do que revelam, a cada dia, a partir das denuncias da Operação Lava-Jato, outros, por conta da inanição, inabilidade e incompetência de gestão da presidente e seu governo.  Todos estão certos. Na outra ponta, estão os urubus que não saíram de perto, nem de dentro da carniça durante todo o governo Lula/Dilma.    Conhecedores profundos das profundezas do poder, deixaram velas acesas nos túneis escuros que já conheciam pois os percorreram antes para que neles se enredassem também os que acenderam ao poder em 2002.  Engendraram todas as armadilhas necessárias, agora elas estão rendendo frutos.  Com o que estão revelando querem tirar do poder um governo que realizou o que muitos governos anteriores não realizaram. E conseguirão. Resta, no entanto, a esperança de que as boas marcas plantadas por um governo que foi eleito por votos de esperança, tenham se firmado o suficiente para que não seja possível, qualquer outro governo remove-las, senão apenas aperfeiçoá-las e ampliá-las.  Isso, no entanto, vai depender tanto da organização e mobilização popular, quanto de que o governo que venha a suceder o atual, tenha um mínimo de compromisso nos seus princípios programáticos que vá nesta direção.  Iludamo-nos. 


Concluindo: o PT e os governos Lula/Dilma, fizeram bem ao pais, mesmo quando fizeram mal.  Tanto que, nestes tempos, escancarou-se de forma tal, o quão podre são as relações de poder no Brasil. E, mais, revelaram que estas relações sempre assim foram.  Outro bem: foi nesta era – sim é uma “era” – que consolidou-se um emaranhado legal que possibilitou que Ministério Público, Policia Federal, trouxessem à luz tudo o que ai sempre esteve mas veio a furo agora.  Ainda, temos muitos furúnculos a estourar, revelando as relações entre o público e o privado em outros setores, muito especialmente, do Judiciário e do próprio Ministério Público.  Mas isso, ainda demandará muito mais tempo.

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