Causa-me certo desconsolo quando observo algumas
crianças da minha escola – que não deve ser a única - onde se nota o descuido dos pais para com elas. Não são a maioria, mas o que importa
isso? Basta que seja apenas uma entre
milhares que já é uma negação do cuidado que se deve ter com qualquer
criança. É certo também que dentre as
mais descuidas em tudo estão aquelas oriundas de famílias desagregadas ou de
situação que beira a miserabilidade e de pais com baixíssimo nível de escolaridade.
Não raros, com casos de violência. É certo, também, que não é a situação de
precariedade material e de instrução da família que leva ao descuido para com
as crianças.
Oprime-me, ainda, ver que as
crianças em estado de vulnerabilidade não tem quem lhes possa alcançar a mão
para removê-las daquela condição. O
Estado deveria dispor de estrutura para que fosse ela amparada ou sua família
assistida de forma que lhe proporcionasse alguma perspectiva de outra vida que
não aquela onde nasceu e esta sendo criada.
Para socorrer crianças em “vulnerabilidade social” ou vitimas de
violência ou, simplesmente, de relapsidão dos pais seja na higiene, seja na
nutrição, seja no acompanhamento escolar, infelizmente, não se tem, no âmbito
dos municípios – que é onde estão – estruturas físicas e humanas que possam minimizar
tal sofrimento.
Para amparar crianças cujas
famílias são um perigo para elas, no máximo, os municípios dispõe de “abrigos
de passagem”. São meros depósitos
transitórios que, no máximo, fornecem um teto e alimentação e cuidados
higiênicos. Não, há nenhum
acompanhamento psicológico e via de regra, os servidores que ali atuam,
trabalham de forma empírica na atenção as crianças. E assim, caminha a desumanidade, travestida
de alguma humanidade. Triste.
Este ano teremos eleições
municipais. Será que nós que gritamos nas ruas, na internet, contra o governo
federal, estadual, contra os políticos de forma geral, ao nos depararmos com candidatos
a prefeito e vereador, pedindo votos, faremos uma pergunta como: qual a sua
proposta para as nossas crianças em risco social? Que estrutura humana e física, dispõe o
município para isso?
Para não sermos enganados com as
mesmas promessas de sempre, necessário é conhecermos melhor da Coisa Pública. É
possível sempre ser feito alguma coisa, para isso precisamos de gestores, de
pessoas que se apresentem com qualificação para concorrer a um cargo de
prefeito e mesmo de vereador. Não
precisamos no Executivo, nem no Legislativo, de amigos, de “compradores de
fichas de meio-frango”. Nossas crianças, não querem migalhas, querem dignidade
e perspectivas de outro futuro que não o que o presente indica que terão.
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