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segunda-feira, 14 de março de 2016

Nossas crianças descuidadas


Causa-me  certo desconsolo quando observo algumas crianças da minha escola – que não deve ser a única - onde se nota  o descuido dos pais para com elas.  Não são a maioria, mas o que importa isso?  Basta que seja apenas uma entre milhares que já é uma negação do cuidado que se deve ter com qualquer criança.   É certo também que dentre as mais descuidas em tudo estão aquelas oriundas de famílias desagregadas ou de situação que beira a miserabilidade e de pais com baixíssimo nível de escolaridade. Não raros, com casos de violência. É certo, também, que não é a situação de precariedade material e de instrução da família que leva ao descuido para com as crianças. 

Oprime-me, ainda, ver que as crianças em estado de vulnerabilidade não tem quem lhes possa alcançar a mão para removê-las daquela condição.  O Estado deveria dispor de estrutura para que fosse ela amparada ou sua família assistida de forma que lhe proporcionasse alguma perspectiva de outra vida que não aquela onde nasceu e esta sendo criada.  Para socorrer crianças em “vulnerabilidade social” ou vitimas de violência ou, simplesmente, de relapsidão dos pais seja na higiene, seja na nutrição, seja no acompanhamento escolar, infelizmente, não se tem, no âmbito dos municípios – que é onde estão – estruturas físicas e humanas que possam minimizar tal sofrimento.

Para amparar crianças cujas famílias são um perigo para elas, no máximo, os municípios dispõe de “abrigos de passagem”.  São meros depósitos transitórios que, no máximo, fornecem um teto e alimentação e cuidados higiênicos.  Não, há nenhum acompanhamento psicológico e via de regra, os servidores que ali atuam, trabalham de forma empírica na atenção as crianças.  E assim, caminha a desumanidade, travestida de alguma humanidade. Triste.

Este ano teremos eleições municipais. Será que nós que gritamos nas ruas, na internet, contra o governo federal, estadual, contra os políticos de forma geral, ao nos depararmos com candidatos a prefeito e vereador, pedindo votos, faremos uma pergunta como: qual a sua proposta para as nossas crianças em risco social?  Que estrutura humana e física, dispõe o município para isso? 

Para não sermos enganados com as mesmas promessas de sempre, necessário é conhecermos melhor da Coisa Pública. É possível sempre ser feito alguma coisa, para isso precisamos de gestores, de pessoas que se apresentem com qualificação para concorrer a um cargo de prefeito e mesmo de vereador.  Não precisamos no Executivo, nem no Legislativo, de amigos, de “compradores de fichas de meio-frango”. Nossas crianças, não querem migalhas, querem dignidade e perspectivas de outro futuro que não o que o presente indica que terão.

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