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quinta-feira, 31 de março de 2016

Havia um país onde todos eram ladrões.

A despeito da realidade na qual sempre vivemos mas que agora, se explicita diante dos nossos olhos e mentes, de uma maneira quase cruel, lembrei-me de um conto do escritor italiano, Italo Calvino, com o qual tive contato há muito tempo atrás, lá no meu tempo de Colegial.  Resgatei-o neste mar virtual.  Compartilho com quem me lê. 


A Ovelha Negra 

Havia um país onde todos eram ladrões.

À noite, cada habitante saía, com a gazua e a lanterna, e ia arrombar a casa de um vizinho. Voltava de madrugada, carregado, e encontrava a sua casa roubada.

E assim todos viviam em paz e sem prejuízo, pois um roubava o outro, e este, um terceiro, e assim por diante, até que se chegava ao último, que roubava o primeiro. O comércio naquele país só era praticado como trapaça, tanto por quem vendia como por quem comprava. O governo era uma associação de delinquentes vivendo às custas dos súditos, e os súditos por sua vez só se preocupavam em fraudar o governo. Assim a vida prosseguia sem tropeços, e não havia ricos nem pobres.

Ora, não se sabe como, ocorre que no país apareceu um homem honesto. À noite, em vez de sair com o saco e a lanterna, ficava em casa fumando e lendo romances. Vinham os ladrões, viam a luz acesa e não subiam.

Essa situação durou algum tempo: depois foi preciso fazê-lo compreender que, se quisesse viver sem fazer nada, não era essa uma boa razão para não deixar os outros fazerem. Cada noite que ele passava em casa era uma família que não comia no dia seguinte.

Diante desses argumentos, o homem honesto não tinha o que objetar. Também começou a sair de noite para voltar de madrugada, mas não ia roubar. Era honesto, não havia nada a fazer. Andava até a ponte e ficava vendo passar a água embaixo. Voltava para casa, e a encontrava roubada.

Em menos de uma semana o homem honesto ficou sem um tostão, sem o que comer, com a casa vazia. Mas até aí tudo bem, porque era culpa sua; o problema era que seu comportamento criava uma grande confusão. Ele deixava que lhe roubassem tudo e, ao mesmo tempo, não roubava ninguém; assim, sempre havia alguém que, voltando para casa de madrugada, achava a casa intacta: a casa que o homem honesto deveria ter roubado. O fato é que, pouco depois, os que não eram roubados acabaram ficando mais ricos que os outros e passaram a não querer mais roubar. E, além disso, os que vinham para roubar a casa do homem honesto sempre a encontravam vazia; assim, iam ficando pobres.

Enquanto isso, os que tinham se tornado ricos pegaram o costume, eles também, de ir de noite até a ponte, para ver a água que passava embaixo. Isso aumentou a confusão, pois muitos outros ficaram ricos e muitos outros ficaram pobres.

Ora, os ricos perceberam que, indo de noite até a ponte, mais tarde ficariam pobres. E pensaram: “Paguemos aos pobres para irem roubar para nós”. Fizeram-se os contratos, estabeleceram-se os salários, as percentagens: naturalmente, continuavam a ser ladrões e procuravam enganar-se uns aos outros. Mas, como acontece, os ricos tornavam-se cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres.

Havia ricos tão ricos que não precisavam mais roubar e que mandavam roubar para continuarem a ser ricos. Mas, se paravam de roubar, ficavam pobres porque os pobres os roubavam. Então pagaram aos mais pobres dos pobres para defenderem as suas coisas contra os outros pobres, e assim instituíram a polícia e construíram as prisões.

Dessa forma, já poucos anos depois do episódio do homem honesto, não se falava mais de roubar ou de ser roubado, mas só de ricos ou de pobres; e no entanto todos continuavam a ser pobres.

Honesto só tinha havido aquele sujeito, e morrera logo, de fome.



Quem foi Italo Calvino:  
Foi um dos mais importantes escritores italianos do século XX. Nascido em Cuba, de pais italianos, a sua família retornou à Itália logo após o seu nascimento.  Nasceu em 15 de outubro de 1923,em Santiago de las Vegas, Cuba.  Faleceu em 19 de setembro de 1985,Siena, Italia.

A Ovelha negra, foi escrito em 1944, quando o autor, devido a sua militância política, filiado que era ao Partido Comunista Italiano, com o qual, inclusive, rompeu em 1956, estava preso pelo regime fascista na Itália.

quarta-feira, 30 de março de 2016

Kerb: uma festa popular ou um evento turístico?



A Câmara de Vereadores, rejeitou o projeto de lei do Executivo que pretendia revogar a lei municipal que instituía que a realização da Festa de Kerb, só poderia ocorrer nas cercanias da Praça 1º de Maio, ou seja, no centro da cidade.  A justificativa do Executivo é de que havia um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), firmada com o Ministério Público, já há algum tempo, que determinava que a festa, por falta de segurança, não poderia ser realizada em ambiente totalmente aberto. A Administração Municipal, aproveitou este mote para fazer valer a sua intenção de transferir o evento para um local cercado onde fosse possível ter maior controle do acesso e, quiçá, cobrar ingresso.   A questão é:  o que se quer do Kerb?  Que seja uma festa dirigida principalmente a população local ou evento turístico que proporcione retorno ao município?
Prefeitura  insiste em realizar a Festa do Kerb na área da antiga Novisol


O local escolhido pela Administração Municipal, para a realização do evento este ano,  foi a área da antiga fábrica de calçados Novisol (empresa extinta a mais de década), na entrada da cidade.  O local é amplo, embora não significativo, e de fácil acesso.  A estrutura física, por certo, precisa de adequação e outros cuidados. Ali já funcionou aquela "esquistice" de duração fugaz chamada Palco Sete, com a qual a Administração atual teve um envolvimento ainda não muito bem explicado até hoje. De qualquer forma, a Festa do Kerb realizada em local aberto no centro, requer pouca estrutura que não apenas a área livre e certa restrição do trânsito de veiculo durante o período que ocorre a festa, ou seja,não é um investimento muito substancial, em principio.


De resto, o Kerb de Estância Velha, não passa de uma aglomeração de pessoas circulando entre bancas de quinquilharias e uma ou outra vendendo petiscos ou coisa que o valha,  enquanto alguns grupos ser organizam festivamente ao redor de um ou mais barris de chopp. Ah! Tem ainda sempre o mesmo parque de diversões com equipamentos espremidos em um espaço limitado.  Como programa há alguns concursos como o de beber  “chopp em metro”, algumas apresentações de grupos de dança germânica e, no mais,  bandas tradicionais que animam bailes pela região.  Vez ou outra se apresenta uma banda com características mais típicas e tradicionais.  


Mas, enfim, é o que de fato é a Festa de Kerb? Uma espécie de trottoir germânico de final de semana?  Se isso só bastar, então, o Kerb perderá esta sua “substância” se mudar, do local onde por mais de duas décadas acontece, para ir para um lugar mais adequado a eventos com restrição de acesso a não ser mediante compra de ingresso.  Se, se quiser, aos poucos ir profissionalizando a festa e ampliando, então, o local já é uma referência de espaço possível para isso.  Mas resta uma questão, o local é uma área do Poder Público? Ou é apenas uma área com cessão de uso temporário?  Qual, enfim, o custo de uso da área e suas dependências? Diante da arenga instalada, a Administração Municipal, vai desconsiderar a lei aprovada pela Câmara e realizar a festa onde defende que seja realizada. Fazendo isso poderá ser questionada na Justiçam (afinal há uma lei vigente que estabelece que delimita o local onde o Kerb deve ocorrer) ou ter apontamentos dos órgãos fiscalizadores (TCE). A Administração atual, vai pagar para ver.

terça-feira, 29 de março de 2016

Isso é só o fim

A propósito destes dias -  para quem defende o impeacheament da presidente Dilma Roussef,  para quem é contra e diz que se trata de um "golpe branco", para os que apenas destilam ódio gratuito,  para os que tentam contemporizar, tudo isso que ai esta -, o quadro é tal que parece que é o inicio de algo novo, mas não é, lembrei-me de uma musica da Banda Camisa de Vênus que fez sucesso no década de 80/90.   Eram tempos de mudança, do fim da ditadura, da instalação de José Sarney, como presidente, no lugar de um presidente eleito indiretamente e morto antes de assumir, da queda do muro de Berlim, da primeira eleição direta para presidente, do impeacheament do primeiro presidente eleito.Tanta coisa acontecendo que parecia que tudo seria diferente. 

Tanto esperávamos e pareceu-nos que era o inicio de um novo país.  De lá caminhamos e até aqui chegamos, sem saber exatamente onde estamos e para onde ainda vamos (se iremos a algum lugar que não aquele onde sempre estivemos). A letra da música do Camisa de Vênus:

Isso é só o fim

Se o chão abriu sob os seus pés
E a segurança sumiu da faixa
Se as peças estão todas soltas
E nada mais encaixa

Ôh, crianças!
Isso é só o fim, isso é só o fim

Algo que você, não identifica
Insiste a atormentar
Você implora por proteção
Não sabe como vai acabar

Ôh, crianças!
Isso é só o fim, isso é só o fim

Ôh, crianças!
Isso é só o fim, isso é só o fim

Esse calor insuportável
Não abranda o frio da alma
A vida, já não é tão segura
E nada mais me acalma

Ôh, crianças!
Isso é só o fim, isso é só o fim

Sempre acordo angustiado
E apressado, vai à rua
Mas mesmo assim acordado o pesadelo
Continua

Ôh, crianças!
Isso é só o fim, isso é só o fim

Ôh, senhoras!
Isso é só o fim, isso é só o fim

Ôh, senhores!
Mas isso é só o fim, mas isso é só o fim

terça-feira, 22 de março de 2016

A hora de Dilma



Juristas foram, nesta terça-feira, levar apoio a Dilma
O quadro da situação política brasileira é tal que tudo o mais dele decorre.  Embora se declare que a crise econômica já esta instalada e roendo ferozmente as finanças e a pretensões da nação, se olharmos para o quadro do desemprego registrado em 2002, por exemplo, com um percentual de 12,95% de desemprego e o assinalado em 2015, de 6,9%, custamos a crer que sobrevivemos naquele período negro do final do século passado e inicio deste novo século. Mas estamos aqui. Voltaremos aquela condição do final do século passado e inicio deste? Mas a questão é outra.

O processo de impeacheament da presidente Dilma Roussef, esta em marcha.  Os prazos estão correndo.  Aberta a porteira por Eduardo Cunha, nosso ilibado presidente da Câmara Federal, não há mais retorno.  Agora é no “baquetaço”, na “munheca”, mesmo. Não há outra saída para aqueles que quiserem reverter o defenestramento eminente de Dilma.  "Não renunciarei", avisou hoje num discurso a um grupo de "juristas" que a apoiam e questionam a validade do objeto do impeacheament.  Não renunciará, por certo, cairá.

Dilma, pode afirmar que não renunciará, por que não tem pretensões politicas, a lá Collor, então, sustentará o seu Álamo até que a ultima pedra seja empurrada pelo tremor dos gritos da multidão enfurecida, traduzida pela voz dos seus opositores na Câmara, e instigados  seja pela Globo, pela Folha, pelo Estadão, enfim, pelo que se identificou de “mídia golpista”.   E, mais do que isso, cairá pela profusão de erros que cometeu seja ouvindo ou não ouvindo o seu criador: Lula.  

 Dilma, dizem seus defensores, é uma mulher honrada, não cometeu mal feitos, não usurpou o Erário Público em favor de si, nem dos seus, de forma direta ou indireta, como  todos os indícios em relação Lula, parecem confirmar. Dilma não cairá por ela, cairá por Lula, a quem tentou, ainda num ultimo recurso, estender um ministério. Cairá pela sanha de ex-aliados e de uma oposição rançosa. 

A desconstrução de Lula, do mito, por aqueles que sempre o odiaram pelo que ele representava e, mais, pelo que dizia representar, em termos de caráter, de ética, de moral em relação a Coisa Pública, esta se processando rapidamente. Para isso não se precisa de provas materiais de malfeitos que tenha cometido, mas bastam ilações, indícios.  Isso esta sendo usado como ferramenta, pelos odientos, tanto que deram uma dimensão maior do que talvez do que tenham, embora se atentem contra o patrimônio público, mal maior ou menor e mal sempre. Se Lula se deixou levar pelos bajuladores, não interessa a quem o odeia.  Eles babam apenas de ler ou ouvir alguém que se ponha a fazer considerações mais dos méritos do que dos erros dos governos que se sucederam neste inicio de século. Se verem alguém na rua com algum símbolo ou pessoalmente objetar algum argumento ao que vociferam,  corre-se o risco de ser agredido e, mesmo, morto.

E aqui estamos nesta encruzilhada. O que esta dado, quanto ao impeacheament da presidente Dilma, é um golpe, claramente, aplaudido pelo seu principal aliado, o PMDB. Sem nunca conseguir conquistar o poder central pelo voto, desde o advento da Democracia, o PMDB se doutorou em parasitar quem votos tivesse.  Chegamos ao fundo do poço?  Não. Antes, pode ser a chance de sairmos do fundo do poço, onde sempre estivemos, preenchendo o vazio  moral deste poço, com a afirmação da Democracia. É este valor republicano que esta permitindo que este mal histórico enraizado no DNA cultura nacional, seja publica ou privado, a corrupção, esteja sendo combatida com a força e determinação necessárias, justamente, por que se criaram mecanismos legais e jurídicos, neste século, que possibilitaram isso.

segunda-feira, 21 de março de 2016

Vereadores podem aprovar salários ainda maiores para o próximo mandato.

Vereadores acham pouco, ganhar seis salários mínimos
O fato dos vereadores terem considerado "inconstitucional" o Projeto de Lei de Iniciativa popular que propunha a redução dos salários dos cargos de prefeito, vice e vereador para o próximo mandato, abre caminho para eles mesmos fixarem salários ainda maiores que os atuais para o próximo mandato.

Se já, enquanto tramitava o projeto popular, aumentaram os salários para este ano, não vão majorar também o salário para o próximo mandato para o qual muitos deles concorrerão a reeleição?
Se mantido os valores majorados pelos vereadores para este ano (R$ 5,434,26 para vereador; R$ 5.558,24 para vice-prefeito e R$ 14.912,39 para prefeito), representarão, para o próximo mandato uma despesa total, com os 11 cargos eletivos (9 de vereador, um cargo de vice e um de prefeito), de R$ 3.662.271,00. Fosse aprovada a proposta popular esta despesa seria de R$ 1.161.000,00. Ou seja, uma economia na comparação, de R$ 2.501.071,00!!!!! Diga-se que a escola municipal recentemente inaugurada no bairro Campo Grande, que atenderá até 600 alunos, segundo a prefeitura, custou R$ 2,3 milhões. 
Diga-se, que atualmente, o salário do cargo de vereador, por exemplo, corresponde a 6,1 salários minimos.  Considerando que a atividade legislativa se resume a, no máximo, 3 horas semanais de sessões plenárias e, mais 2 horas de reunião em comissão, significam 20 horas de atividades no mês, a um custo para os cofres públicos de R$ 271,00 por hora.

quarta-feira, 16 de março de 2016

Câmara aprova emenda a Lei Orgânica que impede reeleição para presidente da Mesa Diretora

Emenda a Lei Orgânica foi apresentada pelo vereador Carlito (PCdoB)
A Câmara de Vereadores aprovou na sessão de terça-feira, dia 15.03, uma Proposta de Emenda a Lei Orgânica Municipal (LOM), que torna tudo igual como era “dantes do quartel de Abrantes.”  Explicando.  O vereador Carlito Borges (PSB) com a anuência de mais dois vereadores subscritores (é preciso que qualquer proposta de ementa a Lei Orgânica tema a assinatura de três vereadores para que possa ser analisada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e ir a plenário para votação) foi o propositor da emenda que faz voltar a valer o artigo 14 da LOM, que não permite a reeleição de presidente da Mesa Diretora do Legislativo.

A história da “coisa”
É interessante este “regresso ao original” que os vereadores haviam alterado em 2010.  Naquele mandato a iniciativa foi tomada para abrir um precedente e permitir a recondução do então vereador Tomé Foscarini (PT) e impedir que a vereadora Rosani Morsch, do mesmo PT, na época, postulando o cargo pudesse ser eleita para presidir o Legislativo.  Foi um golpe urdido pelos próprios vereadores do PT, em uma companheira do próprio partido.  Tudo para evitar que lhe dessem “palco”, visto que ela ser propunha a uma gestão austera do Legislativo. 

Vale dizer, que os vereadores já não haviam gostado da gestão do vereador Claudio Hansen (PSB) que alçado a condição de presidente do Legislativo em 2009, impusera algum freio na sangria de diárias herdada do mandato anterior.  Apenas no ultimo ano do mandato anterior, em 2008, sob a presidência do, então, vereador Carlito Borges (PCdoB), o gasto com diárias alcançara R$ 222.940,00.  Claudio consegui reduzir este gasto para R$  85.857,00.  Valor ainda, assustador, considerando que a maioria destes gastos continuavam sendo para que os vereadores realizassem “cursos de aperfeiçoamento”, todos fora do estado.

Após a gestão do vereador, Claudio Hansen, o acordo firmado concedia a um vereador do PT (a época com elegera 4 vereadores) o exercício da presidência do Legislativo , em 2010.  Neste ano foram consumidos R$ 164.671,00 apenas em diárias pela Câmara.  Na sua quase totalidade também para a realização de “cursos de aperfeiçoamento” em cidades de Santa Catarina. Para o ano seguinte, 2011, o acordo garantia que a presidência continuasse com o PT.  A postulante ao cargo era a vereadora Rosani.  Como ela foi a única que nunca havia feito uso do expediente de diárias para aumentar os ganhos como vereadora, não pareceu aos demais, principalmente, aos  “companheiros/colegas” do próprio Partido dos Trabalhadores, que o esquema de perdulariedade com o dinheiro publico seria mantido no Legislativo. Por conta disso o próprio PT acabou avalizando a ideia de modificar a lei orgânica para garantir a reeleição de Tomé Foscarini.  Foi o que ocorreu. Vale dizer que a ex-vereadora Rosani Mosch, deixou o PT, filiou-se ao PSD, e em 2012, concorreu a vice-prefeita, numa coligação com o PSB. 

No mandato seguinte, o vereador Lotário “Saci” Seevald (PSB) embora tivesse uma bancada minoritária, conseguiu alçar-se a condição de presidente do Legislativo já no primeiro ano do mandato.  Depois, no segundo ano, deu outro drible nos demais vereadores e usando da permissão concedida pela modificação no artigo 14 da LOM, no mandato anterior, qualificou-se para um segundo ano como presidente. Foi eleito. No ano, seguinte, o PT (que neste mandato conta com três vereadores), conseguiu articular-se para garantir que a vereadora Neila “Mana” Becker (PT), chegasse ao comando da Mesa Diretora.  A idéia era de garantir-lhe também uma reeleição ao final do exercício.   Como arranjos entre vereadores nunca são amarrados os suficiente para garantir que sejam cumpridos, viu-se fora do páreo. Nele entrou o vereador Carlito (PCdbB), o vereador Luciano (PPS) e a vereador Sônia (PSDB).  No desencontro e desacerto destes, o vereador Lotário “Saci” Seevald, conseguiu montar uma chapa alternativa que, ao final, logrou eleita com ele novamente como presidente da Câmara. 

Depois do evento da rereeleição de Saci para o mandato de 2015, o vereador Carlito Borges, ingressou com uma ação na Justiça tentando anular a eleição para a Mesa Diretora. A ação foi protocolada em 14.12.2015 ( Processo nº 095/1.15.0002864-4), não obteve sucesso.  Na mesma direção conseguiu agora a aprovação da emenda retornando ao texto original que não permite a reeleição para o cargo de presidente do Legislativo.  Ou seja, na busca por ocupar espaço ou impedir que outro ocupe, vale qualquer artimanha, como a utilizada pelo próprio PT em 2010, que neste mandato, se mostrou contrária ao conceito de Democracia da própria Câmara.

Os dados foram lançados

Lula esta de volta ao centro do poder, como Chefe da Casa Civil.
Discordo do fato da nomeação de Lula para o governo com artifício para buscar outro foro onde será investigado e julgado se vierem a concluir que cometeu algum crime. Acho um erro. Se prosperar o processo de impeachment, Dilma, Lula e o PT serão enterrados sem dignidade nenhuma da pouca que ainda resta. 

No entanto, a afirmação do Ministro do STJ, Gilmar Mendes de que a nomeação de Lula como ministro do governo Dilma ”... é como se admitir que alguém que perpetrou um crime voltar ao local desse crime”, remete a um pré-julgamento.   A condenação só pode se dar mediante provas cabais - se bem que no STJ, julgaram e condenaram o pessoal do mensalão, alguns, sem provas cabais mas em cima da teoria do "dominio do fato" (teoria que atribui culpa quem sabendo dos fatos praticados por subordinados não procurou impedi-los).

Então, Lula puxando a investigação da qual esta sendo alvo para o STJ, pelo fato de estar ministro, corre mais risco do que se ficasse na 1ª instância. Isso é uma coisa. Outra. Vejo a nomeação, como uma estratégia para se não barrar, postergar, o movimento para destituir o governo Dilma/Temer (PT/PMDB). É uma jogada tão perigosa quando não ter Lula no governo. Se ele fracassar, será enterrado junto. Se sair vitorioso, se consagra por passar a impressão de que é forte, capaz e audaz politicamente. 

Para que não ocorra o segundo fato, a oposição e os que o querem enterrado (entre os quais a maioria do PMDB, partido que faz parte do governo), farão de tudo para que não tenha sucesso. A situação hoje é essa: "se correr o bicho pega, se ficar o bicho pode comer". Lula ficou com a segunda aposta. Tem mais chances, senão, maior sobrevida. Alea jacta est. Definitivamente, os dados foram jogados, a sorte foi lançada. Dilma, Lula e o PT, atravessarão este Rubicão? Se atravessarem, encontrarão uma Roma incendiada pelos próprios erros politicos e de gestão que cometeram. De que valerá isso, quando viera a eleição de 2018?

terça-feira, 15 de março de 2016

Vereadores rejeitam projeto que propunha a redução dos salários de cargos eletivos

Aconteceu o que já se antevia na sessão da Câmara de Vereadores de Estância Velha, desta terça-feira.   Considerada que a casta política que se tem no município e que se reproduz na capital do estado e em Brasilia, os vereadores, rejeitaram o  Projeto de Iniciativa Popular propondo a redução dos salários dos cargos eletivos de prefeito, vice-prefeito e vereador.  De nada valeu as 2.091 assinatura de cidadãos-eleitores-contribuintes do municipio que subscreveram a mesma.   

 Para justificar a sua contrariedade ao projeto alegaram que a iniciativa tinha "vicio de origem" e,  por isso, era inconstitucional e que por tanto deveria ser rejeitada a priori.   O parecer da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), da Câmara, ratificava que por se tratar de um projeto que lidava com matéria financeira (no caso a redução dos custos) era de exclusividade dos próprios vereadores. Uma falácia, aliás, pratica comum entre os politicos e que nossos, vereadores, embora na sua maioria não saibam o significado desse substantivo, o usam abundantemente.
O "argumento" legal utilizado serviu apenas como tentativa de eximir todos os vereadores que eram redondamente, contra a proposta, de responsabilidde para não acatar o projeto popular.   O argumento de que a lei lhes faculta como "exclusiva" a definição de matéria relacionada aos salários dos cargos públicos eletivos corrobora apenas um fato: não valorizam a participação da população a não ser para aplaudi-los quando concedem benefícios as grupos ou instituições. 
Usaram o artificio da "inconstitucionalidade" do proposta, apenas para não rejeitarem o projeto no voto, em plenário. Como se isso redimisse a todos da responsabilidade de não o ter colocado a votação, quando poderia rejeita-lo ou melhorá-lo propondo alguma emenda ao mesmo. Se fizessem isso, estariam valorizando o fato da população ter se interessado em participar diretamente do processo legislativo.
Diga-se que a quase totalidade dos vereadores deste mandato, a exceção talvez do vereador Claudio Hansen (PSB) e do vereador Muga (PT), deverão bater à porta destes mesmos eleitores que assinaram a proposição e de todos os outros que, embora não tenham sido alcançados para assinar as listas de subscrição do projeto, o apoiavam, para pedir voto a reeleição, em outubro. Vamos ver qual será a resposta que terão dos eleitores.
Com esta atitude dos atuais vereadores, a população terá mais razão para ponderar muito bem que levará o seu voto, quem merece a sua confiança no voto. Haverão, por certo, permanecendo o salário atual (aumentado este ano para R$ 5.400,00) muitos candidatos. Poderemos trocar todos os vereadores, mas urge, que façamos boas escolhas. É muito dificil, mas é mais fácil continuar errando com estes mesmos que já conhecemos. A população fará a sua escolha.
Contra: Saci, criticou a iniciativa popular pela redução dos salários
PS: O presidente do Poder Legislativo, Lotário Saci Seevald (PSB), ao final da sessão, manifestou-se criticando a iniciativa popular pela redução dos salários dos cargos eletivos.  Argumentou que deveriam ter tentado isso no mandato passado.  Que a iniciativa seria de pessoas que já atuaram na Câmara, não disse se como vereador ou em algum cargo de assessor.  Ou se equivocou no seu argumento ou encontrou entre os que assinaram alguém que, em algum momento, tenha exercido cargo de vereador ou de confiança na Câmara. Ou na sua antipatia pela proposta, mentiu. Argumentou que, enquanto presidente da Câmara, o Poder Legislativo já economizou muito para o município.