Em Estância Velha, trava-se um
embate entre os professores municipais e o Executivo em torno da questão do
reajuste salarial da categoria para 2015. O Executivo encaminhou ao Legislativo uma
proposta de reajuste para todos os servidores municipais, incluindo os
professores, de 7,13%. Um percentual que
repõe a inflação do período anterior, nada mais. Os professores reivindicam que o percentual
deve ser de 13% para que alcance o valor do piso básico da categoria, conforme
instituído por Lei Federal. Ou seja, R$
958,89 para 20 horas semanais ou R$ 1.917,78 para 40 horas semanais. No município o piso básico da categoria é de
R$ 848,77 para 20 horas. Com o percentual proposto passará R$ 917,77
ou R$ 1.835,54 para 40 horas semanais.
Se fosse atendida a reivindicação apresentada pelos professores, o piso
municipal alcançaria o que a lei impõe nacionalmente para a categoria.
Mas afinal, o que é um piso
salarial? No município, é a referência, em valor (R$), instituída em lei para cada
cargo ou categoria profissional. Sobre
este valor incidem percentuais que fazem parte do plano de carreira de cada
categoria. No município há um plano
geral de carreira para os servidores e um plano de carreira com as
especificidades do exercício do magistério. Até o final do século passado, o
acesso a um cargo de professor exigia somente que o pretendente apresentasse,
para ser nomeado, depois do concurso público, diploma de que havia concluído o
Ensino Médio de Magistério (antigamente, o Normal). A partir de 2001, lentamente isso foi
mudando. Primeiro a administração
municipal estimulou a que os professores buscassem qualificação superior
(faculdade), inclusive, subsidiando os estudos, de forma que atualmente, a
quase totalidade dos professores tem esta qualificação e por conta disso, mudaram de nível. Por fim, todos os demais concursos ocorridos
passaram a ter como exigência a apresentação de diploma de graduação superior
para a nomeação dos que fossem aprovados.
No que tange a remuneração, persistiu o instituto do “piso básico” como remuneração inicial e
referencial da carreira dos professores.
Assim, aqueles que buscassem aprovação nos concursos, ao apresentarem o
diploma, conforme exigência dos editais de concursos, passariam a receber (se o
diploma fosse apenas de bacharelado) 40% sobre o valor constante no piso (que
no contracheque dos professores aparece como “horas diurnas). Se o concursado nomeado apresentasse, além do
diploma de bacharelado, outro de pós-bacharelado, teria a incidir sobre o piso
básico referencial da categoria, 50%. No
município de Estância Velha a situação salarial dos professores, funciona assim. Por tanto, é uma falácia, um engodo, o
discurso do Executivo de que já paga o piso da categoria de acordo com a legislação
federal. Não, conforme a lei, não
paga. Se pagasse, o valor seria o que já
referímos no primeiro parágrafo deste artigo.
Desta maneira, estão corretos os
professores em propugnarem para que lhes seja garantido o piso nacional no plano
de carreira do município. O Executivo,
de fato, não esta atendendo ao dispositivo legal. No estado existe a mesma discussão. No contracheque, porém, de um professor
estadual, os percentuais de vantagens (como triênios) incidem sobre o valor do
piso, digamos, “homogeinizado” do estado, que atualmente é de R$ 1.165,69,
para 20 horas semanais. No município, vantagens como os triênios, incidem sobre
o piso básico, ou seja, hoje os R$ 848,77, e não sobre o total considerando o percentual
devido pelo nível, como assevera o Executivo.
Ou seja, ao afirmar que já paga mais do que o piso, incluindo junto o
percentual de nível devido a quem tem curso superior, o próprio Executivo cai
em contradição e revela que mente sobre o que diz, para ele, ser o "piso básico" do cargo de professor.
Por fim, a iniciativa dos
professores de se mobilizarem, fazerem assembleias, passeatas e, por fim,
decidirem por uma greve com tempo definido, é algo a ser aplaudido. É um passo enorme de uma categoria que,
diga-se, via de regra, sempre teve dificuldades de partir para a ação de forma
sólida, unida. Uma greve não é uma
festa. Tem sofrimento para todos os lados, mas é o instrumento que a democracia
deu aos trabalhadores para pressionarem o capital (os patrões, o Poder
Executivo) quando o diálogo, as negociações emperram ou não existem. Independentemente, das condições financeiras
do município, o fato é que os argumentos e estratégias de negociações do
Executivo, até agora foram falhas, pobres, para não dizer, maldosas. Ainda, ao divulgar valores do que seria o
piso dos professores, não separam o que a lei dá como concessão de vantagens,
do que é o piso efetivamente. Porém, usa
como paralelo o piso salarial de outros cargos da administração, como que
negando o que afirma no seu discurso de
defende a “valorização” dos professores.
Aliás, esta é uma palavra por demais gasta na boca da maioria dos políticos
que foram alçados a algum cargo do Executivo.
A educação é fundamental, mas seu fundamento é o professor. Se todos temos a certeza de que sem educação o futuro melhor que todos queremos para nossas crianças não existirá, a mesma certeza devemos ter que sem professor a educação que queremos não existe.
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Estes dois contracheques demonstram a situação de dois professores do município. Um admitido em 2013 e outro já com 12 anos de nomeação. Vejam que o percentual tanto para um que tem apenas o bacharelado (faculdade) e outro com pós-graduação, incidem sobre o valor básico da categoria. Da mesma forma, o percentual adquirido pelo professor já com três triênios, também incide sobre o valor básico e, não sobre o total somado do básico mais o nível. Vê-se, então, que a informação propalada do Executivo é falsa. A remuneração inicial do professor não é o total do básico mais o nivel. Fosse assim, as vantagens como triênios deveriam incidir sobre este valor total e não sobre o valor que, no contracheque, esta denominado como "horas diurnas".
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Contracheque de professor concursado com pós-graduação, sem triênios |
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Contracheque de professor concursado com bacharelado e três triênios |