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sábado, 26 de junho de 2010

Algumas considerações sem importância

Algo não esta bem na Administração de Estância Velha, atualmente sob o comando da coligação PSDB/PMDB. A oposição – PT – que esteve no poder pelos últimos oito anos anteriores critica ferozmente o que chama de “amadorismo” com que o atual gestor conduz o Poder Executivo. Ao referir-se a administração como “amadora” no trato das coisas públicas, talvez a oposição tenha como referência o “profissionalismo” (!?) com que agiu no seu tempo que esteve no poder.

Porém, não se pode deixar de considerar que há atitudes que deixam a população perguntante. Ou seja, há mesmo um certo primarismo, ingenuidade, “inocência” política em algumas ações tomadas pelo Executivo? Veja-se uma coisa. Entre as já várias defecções nos cargos de primeiro e mesmo segundo escalão (que parece ser uma sina de governos tucanos, haja, visto a governo Yeda), neste pouco mais de um ano de administração, uma última “mudança” esta provocando mais interrogações. O que acontece?

Ao assumir em 2009, a Administração PSDB/PMDB, manteve no comando da secretaria da Saúde, a servidora Selma Kley, herdada da administração que foi apeada do poder, Toco/Hansen, do PT. A justificativa era de que a nova administração queria dar um maior caráter técnico-profissional a determinadas áreas da prefeitura e, para isso, superava até os nuances partidários. Muito louvável isso.

Selma era “filiada”, porém, não militante petista. Ela é servidora pública de carreira, agente administrativa, conhecedora da burocracia interna da saúde, eficiente nisso. Porém, não demonstrava feeling no que tange a política de saúde. Não era uma militante nisso também. Nem todas as pessoas por mais eficientes que sejam no desempenho de suas atribuições em determinados setores públicos, tem vocação para a ação política que vai além de ser um servidor de carreira exemplar.

Vai daí, passados coisa de um ano e seis meses do novo mandato, a secretária pediu suas antigas atribuições burocráticas de volta (até por que, está com um pé, na calçada da aposentadoria). Vamos aceitar assim a sua saída. Sede vacante (cadeira vazia) é apresentada uma outra pessoa que ocupará o cargo. Tudo normal. Justificado e tal. Isso ocorreu, no entanto, após o que relato no parágrafo abaixo.

O novo nome a ocupar o cargo é apresentado de forma “esquisita”, para dizer o mínimo. Num dia em que a secretária estava em reunião com equipes de saúde, no hospital Getúlio Vargas, aparece, em visita, ao nosocômio, a “nova” secretária já apresentada como tal. Cria-se uma interrogação. Como assim? Nada no ar e, de repente, aparece alguém que começa a ser apresentada como “nova” secretária de Saúde?

Consolida-se o fato desta forma meio transversal. Torna-se público nos dias seguintes que a secretaria Selma, pedia demissão. Apresenta-se a nova ocupante de um, se não o mais importante, cargo de primeiro escalão do município. Trata-se, inicialmente de Luciane Filisberto Ferreira. Como apareceu nos jornais do município. Depois ficou-se sabendo que ainda era também Pires. De todo, Luciane Filisberto Ferreira Pires. O currilum profissional com que a mesma se apresentou resumia-se a ter trabalhado como “assessora de saúde” no município de Igrejinha.

Um burburinho começou a crescer entre os servidores de saúde do município e mesmo do Conselho Municipal de Saúde. “Assessora de Saúde”? Na reunião, primeira com o Conselho de Saúde, a nova secretária, já empossada, foi inquirida quanto a sua qualificação profissional. Respondeu que era da área da enfermagem. Área de enfermagem? O campo não é muito vasto, mas resume-se a três ofícios profissionais, um de nível superior (enfermeira), outro de nível médio (técnico de enfermagem) e um de nível fundamental (auxiliar de enfermagem), este último, em extinção. Que área da enfermagem? Prossegui-se o questionamento. A isto, a resposta foi: “área técnica”. Neste momento, não se levou mais adiante o questionamento.

Ao inicio e ao final, restam duas questões: Por que a nova secretária não apresentou logo com o seu curriculum? Tipo: Minha formação profissional é auxiliar de enfermagem, ou, técnica de enfermagem. Minha atividade de "assessora de saúde" era no setor de marcação de transporte na secretaria de Saúde de Igrejinha. Pronto. Por que apresentar-se como sendo da “área de enfermagem”? O exercício do cargo de secretária de Saúde não exige necessariamente que seja alguém profissional da área da saúde, nem que tenha nível superior, mas é necessário que conheça um pouco além da superfície os meandros não apenas burocráticos, mas políticos do setor.

A ex-secretaria de saúde, Rosani Morsch, hoje vereadora, e hoje, também titulada como enfermeira, quando assumiu a secretaria era concursada, creio como, técnica de enfermagem. Selma Kley, tinha titulação de nível médio. Porém, ficou uma sombra de dúvida no fato de a nova secretaria apresentar-se assim, digamos, quase dissimuladamente. É certo e ficou visível, para os servidores da saúde e também conselheiros, que ela desconhece completamente os meandros que permeiam ao exercício da atividade de Gestor da Saúde no âmbito municipal, ainda mais, dada a complexidade do sistema implantado e vigente em Estância Velha. A impressão que fica é que a nova gestora começa do quilômetro um sua jornada diante de algumas centenas de quilômetros que já foram percorridos na área da Saúde de Estância Velha. Quando a idéia é aperfeiçoar e melhorar ainda mais o que já esta construído, a casa já pronta, chamar um mestre de obras que não sabe o que é uma planta é, senão complicar todo o processo, no mínimo, reduzir a velocidade, quando não parar, gerando com isso perda de tempo e recursos.

Ainda estou para tentar entender porque a administração Dilkin/Schuh, cometeu o que até agora parece um equívoco com esta mudança no comando da Secretaria de Saúde. Passados já um ano e meio no exercício do mandato Executivo, não se pode mais fazer experiências, cometer equívocos, erros. As justificativas para tanto se esgotam e, daí, começa a dar valor as criticas da oposição que não aceitam mais “ingenuidade” e “inocência”, desconhecimento da gestão e política pública, para atirar na atual administração a pecha de incompetência. Mas, enfim, devo estar, de todo, enganado.

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