Estive, na Páscoa, em Três Passos, minha cidade natal, e pude constatar de perto os estragos feitos pelo “tufão” – podemos assim dizer – que se abateu sobre a cidade no mês passado. Lembro que meu avô, José Inácio Ribeiro, escreveu um poema a cerca de uma situação semelhante ocorrida lá nos idos de 1956, se não me engano. Naquela oportunidade o “tufão” provocou estragos e até uma morte num a linha entre Erval Novo e Bom Progresso, à época interior do município.
Tragédias naturais acontecem de tempos em tempos. A natureza esta sempre mudando e com a interferência humana, por certo, mudanças acontecem e acontecerão cada vez mais seguidas, com resultados imprevisíveis. Mas, vendo Três Passos assim, um tanto esmilinguida pelo furor da natureza, não se pode deixar de observar que ficam mais evidentes as mazelas já comuns da cidade. Ao longo dos últimos anos, décadas, pode-se dizer, o Poder Público, os políticos eleitos para os dois poderes – Executivo e Legislativo – não tem conseguido imprimir ao município uma outra dinâmica que não a de tentar manter-se como está ou, pelo menos de pé.
Uma tragédia como a deste ano, certamente, provoca tristeza, mas, ao mesmo tempo, pode servir de impulso para imprimir uma nova dinâmica no município, na cidade. Foi o que pensei ao ver os rescaldos da destruição. Infelizmente, no entanto, logo se observa que as "ações" dos entes politicos no município se ressumem a viajar com a chapéu na mão em busca de verbas, nas hostes estaduais e federais. Em resumo, gastam verba em busca de verba, como se já não tivessemos representantes eleitos para fazerem isso por nós, como deputados e senadores. Alguns telefonemas e mesmo pela internet se pode fazer isso com um ônus bem menor para os cofres já combalidos dos municípios. Tanto de despesas em viagens não seriam mais úteis para comprar e distribuir um sem número de telhas que as familias mais carentes ainda esperam?
Li, nos jornais que servem de veiculo para divulgar ações do Legislativo e do Executivo na cidade, que cinco vereadores tinham viajado a Brasília, na semana anterior, para “buscar recursos” junto aos ministérios, ao governo federal que serviriam para ajudar na recuperação da cidade. “Buscar verbas” é um discurso velhíssimo utilizados por vereadores e prefeitos. Em geral, voltam sem qualquer explicação concreta a não ser que "foram encaminhados" pedidos e projetos. A propósito: no primeiro mandato da atual administração foi inclusive criado um cargo especial de "representante em Brasilia" e até mesmo, pelo que consta, alugado apartamento na capital federal. A idéia era dispor lá de uma espécie de "detector de verbas públicas" e acompanhar o andamento de projetos de interesse do município nas esferas governamentais. Qual foi o custo desse tipo de "serviço" e quais foram os resultados efetivos em números (R$) para o município?
Por curiosidade fui pesquisar o que os nobres edis deste mandato gastaram em 2009 apenas em diárias para suas viagens em busca de “conhecimento e recursos”. Foram R$ 33.384,91. Já os servidores da Câmara, consumiram outros R$ 9.500,00 também em diárias. Outros R$ 1.767,83 foram gastos em passagens para viagens. Já em 2010, apenas nos dois primeiros meses do ano, os vereadores já torraram, R$ 4.392,78 a título de “diárias”. Ai não esta incluído, ainda, o gasto de março e a última viagem para “buscar recursos” em Brasília.
Já o gasto total com diárias em 2009, do Executivo, com todos os seus servidores, foi de R$ 66.138.36. E, neste ano, em janeiro e fevereiro, R$ 5.949,40. Ainda, em 2009, o gasto total na manutenção da Câmara de Vereadores consumiu R$ 1.101.138,50. O valor significa um percentual de 3,90%, considerando orçamento total realizado em 2009 de R$ 28.508.258,95.
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