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sábado, 24 de abril de 2010

Demagogia e Kerb

Um vereador de Estância Velha, esta propondo o tombamento da Festa do Kerb, de Estância Velha como patrimônio do município. Com isso pretende que o evento continue acontecendo no centro da cidade. Um lugar, por certo, inapropriado, difuso e confuso. A população cresceu, a cidade cresceu, a festa cresceu. É visto que realizá-la no lugar aonde, por quase três décadas vem ocorrendo, não cabe mais. E, não só por isso, mas também por que o evento precisa ganhar um conteúdo cada vez mais profissional, considerando-se ele como uma marca do município para rememorar um antigo costume dos imigrantes alemães que povoaram esta região.

O Kerb, não é apenas ajuntamento de jovens que emborcam litros de chopp e outras bebidas alcoólicas, até o coma. Antes, é um evento voltado para o resgate da memória dos antepassados germânicos que aqui chegaram no final do século 19 e aberto a visitantes e participantes de todas as idades, inclusive, os que não se dão a degustações etílicas exageradas. Porém, não é este objetivo único da festa. A propósito: kerb teria o significado, para uns, apenas de festa, confraternização entre famílias; para outros é o de comemoração do dia do padroeiro, e para outros ainda, é o de aniversário da inauguração da igreja (kircheeinwerhfest).

Há, em cidades como Santa Cruz, Blumenau e, mesmo aqui perto, Igrejinha (para citar apenas festas atribuídas ao resgate de tradições germânicas, onde a beberagem é explicita e fundamental) que dão a festa roupagem para além do mero consumo etílico. É uma atração valorizada a gastronomia e, até mesmo da produção local da indústria e comércio (evidente que por lá ocorrem também as “tendinhas” de badulaques e quinquilharias como em Estância Velha). Tudo isso se mistura a festa em si, junto coma muita dança e muita alegria.


O diferencial destes municípios e de outros, com eventos de menor porte, é que eles delimitaram um espaço onde a festa ocorre. Um espaço onde o controle da circulação e a segurança aos participantes é maior. Isso, fica difícil no caso do Kerb de Estância Velha. A movimentação se dá em lugar aberto de difícil controle efetivo na segurança dos visitantes e participantes.


Por fim, a colenda Câmara de Vereadores aprovou, no ano passado, por unanimidade que a Prefeitura adquirisse uma área de terra para servir a instalação de um tal “parque industrial” e um centro de eventos. Ora, estava explicito na aquisição que eventos como o Kerb e outros que acontecem em ruas e espaço dentro ou próximo ao centro, passariam a ser realizados lá. É claro que com a infra-estrutura adequada o local pode se transformar também numa atração turística importante, propiciando inclusive a redução dos custos de organização da festa mediante a cobrança de ingresso.

A idéia era tão boa que mesmo os vereadores de oposição - e este que quer que o Kerb continue no centro da cidade, para o tormento da população circunvizinha - aprovou. Por que agora esta nova e brilhante “idéia” que propõe a manutenção do Kerb no centro da cidade?

A alegação de que o local onde se pretende realizar a festa ficaria distante para o deslocamento da população é esdrúxulo. Ele parece desconhecer que a imensa maioria da população que participa do Kerb vem bairros e visitantes de outras cidades, ou seja, igualmente distantes do centro. Ademais, qualquer que seja o local, por certo a facilidade de acesso será também pensada, tanto quanto que o ingresso seja a preços populares.

A realidade é que não existe lugar que seja perto para todos. Já o argumento da tradição da festa no centro não se sustenta por que não é o espaço adequado para tanto, nunca foi, cresceu e precisa ser pensado de forma sustentada, profissional. Há muito de ranço demagógico em algumas atitudes de alguns vereadores, nesta, o ranço é explicito.

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