O tempo
nos foge. Ouvia esta afirmação nos meus tempos de Colegial. Era uma espécie de
mantra do meu professor de Língua Portuguesa, Latim e Grego. “Lembrem-se do que
disse Virgilio: Sed fugit interea fugit irreparabile tempus” (algo como, numa
tradução livre: “ele foge, irreversivelmente, o tempo foge). Descobrimos que
tal afirmação Virgilio(poeta romano), teria feito em Georgicas, um conjunto de
quatro livros tratando sobre agricultura. São poemas que celebram a vida no
campo assinalando que a vida em harmonia com natureza como necessária a paz e a
serenidade.
Mas por
que faço toda esta introdução? Estou querendo criar ares de eruditismo? Longe
de mim, até porque estou longe disso também. A frase do meu professor ainda
reside nos escaninhos da minha memória, apenas acrescentei alguns adereços (verdade
que, na internet, pode-se até encontrar o poema de Virgilio coisa que, em outro
tempo, só em grandes bibliotecas). Feito este adendo a introdução, vamos ao que
pretendia quando comecei a escrever este texto.
Temos uma
imensa dificuldade em lidar com o nosso tempo. Não com o tempo em que vivemos,
mas com o tempo que nos consome a vida. Organizar a nossa agenda diária,
semanal, mensal é algo complexo e difícil para muitos. Invariavelmente, somos
seres postergadores, deixamos para amanhã o que pode ser feito hoje. Não nos damos
conta de que o amanhã não existe, é apenas uma possibilidade. A nossa realidade é o passado que já foi
vivido e o presente que esta acontecendo. Nem o minuto seguinte existe. Mas o
futuro, enquanto possibilidade, é que nos instiga a fazer o presente melhor do
que o passado, até por que, só saberemos se estamos fazendo, vivendo o
presente. Só teremos noção de onde estamos, no presente, se tivermos noção de
onde estávamos no passado, no ontem, quando o hoje era futuro. Construir o
presente, exige dedicação, determinação, reflexão, consciência critica sobre si
mesmo.
Agora, se
trazermos isso para o nosso país, a nossa realidade atual, podemos dizer que
não estamos abrindo uma porta para o futuro, mas apenas revelando o passado que
arrastamos conosco ao longo de toda a
nossa história. Somos uma República Democrática, mas nos espantamos com o ranço
que permeia e reside sobre uma parcela significativa da população que estes
tempos confusos, em meio a virtualidade, revelaram como real. Hoje, parece
estar posto um digladiar-se entre o passado que acreditamos estar superando e a
possibilidade de um outro futuro que, diante da conjuntura atual, esta se
transformando numa impossibilidade. Precisamos como povo, como nação, sair
urgentemente desta encruzilhada. Não se pode fazer futuro com o passado, mas
olhando para ele para não repeti-lo e, no que tiver de bom, aperfeiçoá-lo. Não
se pode construir futuro sem entender o presente como não suficiente. É preciso
agir por que o tempo foge, ele não nos espera. Enquanto isso, no Planalto Central,
o passado luta para não dar ao presente, um futuro.
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