Há um ano, Estância Velha, foi à rua protestar no movimento correu o país |
Há um ano, fruto
de um movimento que nasceu em Porto Alegre, no protesto contra o aumento da
passagem de ônibus, e começou a varrer o país, a partir das grandes cidades, em
Estância Velha, também as pessoas foram para a rua, numa noite fria, para
manifestarem-se como se sentiam em relação a situação politica, moral do país
e, por consequência do próprio município.
Ao par disso,
havia também o questionamento a cerca das obras e da própria realização da Copa
do Mundo no Brasil. O mote para as manifestações foi o custo deste
evento. Quando foi tomando conhecimento dos bilhões que envolviam a
construção de estádios "padrão Fifa" por uma dezena de capitais do
país, a população passou a relacionar este custo com a imensas necessidades no
campo da saúde, da educação, da infraestrutura de transporte e mobilidade e
questionou se valia a pena.
De fato a população foi as ruas para mostrar toda a sua insatisfação, tanto quanto aos gastos com a realização da Copa, ao custo do transporte coletivo como também, contra a corrupção endêmica que perpassa todos os setores da vida publica/política e
mesmo de outros setores da sociedade, fez com que milhares de pessoas tomassem
as ruas das cidades pais afora. De
inicio as manifestações se constituíram em protestos contra o preço do
transporte coletivo urbano, depois ganharam outras pautas. Por fim,
aproveitando-se das multidões que foram para as ruas, grupos infiltrados
passaram a ter condutas violentas contra o patrimônio publico e privado, numa
clara ideia de desmoralizar as manifestações.
Cerca de mil pessoas participaram do protesto em Estância |
De qualquer
forma, o ato ocorreu e os manifestantes saíram da Praça 1º de Maio, passaram
pela prefeitura, Câmara de Vereadores e desceram até a BR 116, que foi
bloqueada por cerca de uma hora. Tudo
numa caminhada pacífica, tranquila e critica.
Alguns dias depois, novo ato foi chamado pelo Facebook e, novamente,
desta vez um grupo bem menor fez outra manifestação, a noite, pelas principais
ruas da cidade. Depois disso, o
movimento auto-extinguiu-se. Algumas
poucas pessoas vinculadas ao Movimento Transparência, que nascera em 2010, no
protesto contra a criação de CCs (assessores na Câmara de Vereadores),
mantiveram algumas reuniões.
Da pauta municipal
A situação do hospital, agora privatizado, entrou na pauta |
Na outra ponta,
ao levar para a rua as questões nacionais, a população levantou também as
questões municipais que a afligiam. Tudo
o que ocorre a nivel estadual ou nacional, no fundo tem seu nascedouro ou
reflexo no âmbito dos municípios. No caso de Estância Velha, o protesto levantou
interrogações sobre a situação financeira da prefeitura, a prática de nepotismo
na prefeitura, a decadência do sistema municipal de saúde, o mau uso do Programa Municipal de Qualificação dos
servidores e o pagamento de jetons para vereadores suplentes que assumiam na
Câmara por apenas uma sessão, sem qualquer outra participação efetiva na
atividade legislativa e ganhavam para isso ¼ do salário de um vereador.
O que restou no
âmbito municipal de resultado daquele protesto? A real situação financeira da
prefeitura continua nebulosa. O
nepotismo na prefeitura continua (o secretário de Desenvolvimento Social,
continua sendo o irmão da vice-prefeita e o filho da secretária de Saúde Angela
Marmitt, que era CC agora é contratado por empresa terceirizada que presta
serviço a prefeitura). Aliás, secretária de Saúde, Angela Marmitt, continua no
cargo, conseguiu a privatização do hospital municipal, não implantou nenhuma
nova equipe de saúde, mas trouxe, por três anos médicos cubanos para preencher
a lacuna da não realização de concurso público para estes profissionais. Falhas no Programa de Qualificação dos
Servidores da prefeitura (programa pelo qual a prefeitura financia estudos dos
servidores) teve irregularidades apontados pelo TCE (servidor com curso
superior fazendo outro curso superior – que nada tem a ver com seu cargo - pago pelos cofres públicos). No caso do
esquema existente na Câmara de Vereadores, onde os titulares apresentando
atestados de saúde, proporcionavam que suplentes assumissem apenas por uma ou
duas sessões, ganhando para isso o valor corresponde a ¼ do salário mensal de
um vereador (R$ 1.200,00) apenas para “assistir” a uma sessão, continua, embora mais
controlado.
A nível nacional,
o principal tema dos protestos, a corrupção, não há sinal de que tenha
arrefecido. A Copa do Mundo esta aí,
acontecendo para além das expectativas até de quem era contrário a ela, embora
o real “lucro” dela (as melhorias estruturais nas cidades onde aconteceram os
jogos) não haja como mensurar claramente, senão que o sentimento de que muito
do dinheiro nas obras investidos, vazaram por caminhos obscuros. De resto, o
pais ainda continua carente de mais investimentos em saúde, educação e
infra-estrutura, apenas de o Congresso ter votado a garantia de que o
investimento em Educação e Saúde, no futuro, não poderá ser inferior a 10% das
receitas produzidas pela nação.
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