Olhando para
os números que saíram das urnas neste domingo em Estância Velha, não
restam dúvidas: o vencedor na disputa saiu derrotado. Contraditório? Não.
Estamos numa democracia e nela alcançar-se o poder não necessariamente
pelo voto da maioria, mas da minoria. Tudo depende do número de postulantes ao
cargo que entraram na disputa. Foi o que
ocorreu em Estância Velha. O prefeito Waldir Dilkin
(PSDB), que em 2008, se elegeu com 12.551 votos (52,15% dos votos válidos),
reelegeu-se este ano com 10.329 votos (41,50% dos votos validos). Na disputa estavam outros dois candidatos
como em 2008. Para a sorte de Dilkin, ambos dividiram por igual os votos dos
descontentes com a sua administração de forma que ele saiu no lucro. Fez valer, sem querer um velho adágio usado
pelos romanos: “dividet et impera” (divide e impera) e acabou tendo uma espécie
de “vitória de Pirro”.
Na eleição
deste ano Pedrinho e Plinio (este ultimo saiu do PT e concorreu pelo PSB),
fizeram um total de 14.558 votos. Somados estes aos brancos e nulos que
manifestam a desconformidade do eleitor tanto com o atual prefeito quanto a
descrença de que os demais pudessem fazer melhor, chegamos a 17.607 votos. Ou
seja, 59,50% dos eleitores reprovaram o governo que se reelegeu. Ossos da democracia, nem sempre o vencedor ganha uma eleição com a maioria dos votos.
O novo mandato
conferido pela minoria a Dilkin lhe proporcionou a oportunidade para sair da administração
com um percentual diferente do que este que o elegeu, no que tange a aprovação
do seu governo. Já a oposição que se fez
divida, principalmente, devido a interesses individuais e umbigais (os
pretendentes olharam mais o seu próprio umbigo do que o propósito de mandar
para casa um gestor amplamente rejeitado) talvez faz um “mea culpa” e se
reconstrua de maneira menos egoísta. Se não for assim e Dilkin errar igual o
que errou neste mandato, corre o risco de fazer um sucessor utilizando a seu
favor a divisão que este ano conseguiu reelege-lo.
Quatro anos é
tempo suficiente para se estruturarem lideranças ocupando espaços sociais, se
preparando para chegar no ano da eleição como um nome com potencial eleitoral.
Evidentemente que para isso é necessário também que tenha “substância” e
desenvoltura necessárias a um candidato.
Haverá esta preocupação, esta estratégia no interior dos partidos de
oposição ao governo municipal? Ou passarão os quatro anos e só no ano da
eleição se estabelecerão disputas internas para buscar se credenciar a uma
candidatura ao Legislativo? Ou restará,
lá adiante, apenas a alternativa do ex-prefeito Toco que, diga-se, de passagem,
foi a grande alavanca da candidatura de Pedrinho. Se é que se pode dizer que há em Estância Velha,
alguma “esquerda”, nesta eleição observou-se que é majoritária a “direita”.
Pena que aquela acabe por perder-se em
si mesma sem conseguir estabelecer uma debate interno maior que aquele movido
por vaidades pessoais. Enquanto assim permanecerem, os setores que fizeram a
vitória de Dilkin, agradecerão.
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