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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Remuneração prefeito, vice, secretários e vereador

Entrou na pauta da Câmara de Vereadores de Estância Velha, logo de inicio do ano a proposta de remuneração para o próximo mandato (2013-2016), para os cargos de prefeito, vice-prefeito, vereadores e secretários municipais. São o que se denomina, “agentes políticos”.  Destes, são elegíveis apenas o prefeito e os vereadores.  Vice-prefeito não é eleito (você já votou em vice-prefeito?) e secretários são cargos em comissão de nomeação de critério político do eleito. É regra legal que um mandato define o salário do mandato seguinte e o valor definido permanece o mesmo somente sofrendo, no caso de Estância Velha, os mesmos reajustes em percentuais que forem legados aos servidores no transcorrer do mandato.

Com os reajustes decorrente do mandato atual, o salário do prefeito, vice, secretários e vereadores, chegou neste inicio de ano em R$ 9.963,04; R$ 3.320,97; R$ 3.323,52 e R$ 2.693,00, respectivamente.  Pela proposta que iniciou tramitação na Câmara, o salário do prefeito passará para R$ 11.000,00. Um reajuste em relação a situação atual de 10,40%.  Já o salário do vice-prefeito, é para ficar estabelecido em R$ 4.100,00, mesmo patamar para o salário dos secretários municipais. Esta nisso um aumento de 23,47%.  Já os vereadores não estabeleceram um quantitativo salarial a vigorar a partir de janeiro de 2013.  O projeto apenas estabelece que o valor será de 20% do salário de um deputado estadual para aquele ano.  Hoje este salário é de R$ 20.042,34.  Aplicado o percentual pretendido pelo Legislativo, o salário de um vereador para o primeiro ano do próximo mandato será de R$ 4.008,46.  Ou seja, um reajuste de 48,84% sobre o vencimento atual. É de dizer ainda que sobre este valor implica também o valor pela realização de sessões extraordinárias. Em Estância Velha, cada sessão extraordinária, convocada pelo Executivo, rende R$ 1.077,24 para cada vereador.  Em 2011, foram gastos R$ 49.084,74 para estes pagamentos, uma média de R$ 5.453,86, por vereador, ou seja, quase dois salários a mais. Somando tudo isso, cada vereador titular, custou, no ano passado R$ 40.336,83, ao cidadão.

Vale dizer, no que tange, aos vencimentos dos vereadores que a pretensão tem amparo legal. A questão ainda é a validade de, em municípios de dimensões e economia como a de Estância Velha, e também considerando-se que o “trabalho” de fato de um legislador é o de fazer, votar  e fiscalizar a aplicação das leis e, ainda, mais fundamental, fiscalizar de perto o Executivo, em que tempo isso implica de trabalho efetivo?  Em si, se é eleito e investido no cargo em regime integral. Hoje, os nossos edis tem o direito a um “assessor parlamentar” cada um, além dos servidores efetivos e outros em comissão (CCs) que compõe o quadro funcional do Legislativo. Por outro lado é fato que o “trabalho” de um vereador aparece a população apenas como o tempo em que ocorrem as sessões legislativas (uma por semana e a noite) e, como se sabe, nas reuniões de comissão (em Estância Velha, estas se resumem a Comissão de Constituição e Justiça que se reúne, igualmente, uma vez por semana, em geral a tarde).

Se a remuneração dos agentes políticos tiver por parâmetro as responsabilidades, de pronto parece que a do prefeito supera em muito a dos vereadores e, ainda mais o do vice-prefeito – que nem eleito é e só responde pelos seus atos quando assume no lugar do prefeito ou exerce alguma outra função como, por exemplo, secretário.  Aliás, aqui esta uma situação. O cargo de secretário é de livre indicação do prefeito, porém, assumem também responsabilidades de gestor. No caso do Legislativo, as responsabilidades de gestor devem-se ao presidente da Mesa Diretora, de forma direta.  Afirmam-se, por outro lado, que a remuneração influi na qualificação do quadro dirigente do Executivo não eletivo, os Cargos em Comissão (CCs). Por esta alegação a nivel estadual, no governo Yeda, multiplicou-se o salário de cargos de primeiro e segundo escalão.  O mesmo ocorreu no atual governo estadual.  O argumento é de que a remuneração para estes cargos que, via de regra, são ocupados por servidores públicos (Função Gratificada) ou cidadãos oriundos da iniciativa privada, mas com vinculo políticos com o governante de plantão ou com partidos que o formam a sua base de sustentação.

Postos estes argumentos é de se questionar se são validos ou que remuneração deveria ter cada um destes cargos?  Por outro lado, qual a validade de tal remuneração para o cargo de vice-prefeito e dos vereadores?  Se tais cargos teriam candidatos se a remuneração fosse apenas simbólica (algo para o custeio apenas de deslocamentos já que tem também telefone, correspondências e mesmo servidores e assessores ao seu dispor). Imaginemos como este valor simbólico para a remuneração de vice-prefeito e vereador, uma remuneração de R$ 1.000,00 mensais?  Isso estimularia os cidadãos de bem, principalmente, aqueles que criticam a remuneração e o trabalho dos vereadores, filiados a partidos a se candidatarem a estes cargos?  Pensemos que o custo de uma candidatura consome, no mínimo, a confecção de uns 25 mil santinhos e, ainda, sola de sapato e gasolina.  Qual o custo disso? A remuneração do vereador e do vice-prefeito deveria ser o suficiente para depois pagar este custo de candidato? Ou não precisaria levar isso em conta, haja visto que de mais de uma centena de candidatos, menos de 10% lograrão êxito de se eleger e, então, não serão ressarcidos de forma alguma pelo seu “investimento” na campanha. 

Como  se vê, não é uma discussão muito linear.  Porém, se iluminaria melhor esta questão e até mesmo para os próprios atuais vereadores, visto que todos certamente concorrerão a reeleição, se a questão da remuneração, o projeto atual que esta no Legislativo, reajustando-a para o próximo mandato, fosse colocado a luz da debate público.  Um debate positivo com espaço para argumentação de todos os lados que quiserem opinar.  Assim,  cresceríamos no entendimento da política e da democracia. Um debate verdadeiramente republicano.  Por minha conta, creio que a atual remuneração dos vereadores deveria se mantida e, já a remuneração do vice-prefeito deveria ser extinta ou reduzida para um valor simbólico.  Ou será que só se lançam candidatos a cargos públicos eletivos pessoas interessadas na remuneração, nos ganhos pecuniários, nas facilidades dos “arranjos” possíveis que o Poder abre aos cidadãos de caráter duvidoso?  Se não for assim, aos cargos de vereador e vice-prefeito certamente, não faltarão candidatos.  Aliás, esta é uma discussão que pode ser proposta não apenas a Estância Velha, embora pudesse aqui fazer-se um exemplo, mas a todos os municípios pois esta é uma das pautas dos Legislativos este ano.

Um comentário:

  1. A propósito desta considerações e do fato de que estamos em pleno processo eleitoral que definirá os nossos representantes no Legislativo para o próximo mandato, não seria de bom alvitre que, nós eleitores, exigissemos que os candidatos a vereador, que quissessem merecer o nosso voto, firmassem públicamente um termo dizendo que renunciariam ao valor decorrente desse percentual que reajustou a remuneração dos vereadores para o quadriênio 2013/2016?

    Tal reajuste, apenas no caso dos vereadores, representará, ao longo dos quatro anos um acréscimo de despesas nos cofres do Municipio e, por correspondência, no bolso do contribuinte, de algo em torno de R$ 600 mil. Valor este que representa, por exemplo, a construção de dois postos de saúde, ou a metade de uma creche. OU, ainda, asfalto para 4 km de ruas. Ou, também, cerca de 7 mil exames de mamografia.

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