Tudo flui, afirmava o filósofo Heráclito, da cidade de Éfeso (onde hoje esta situada a Turquia), lá pelo século IV, antes de Cristo. Em grego a afirmação seria:”pan thá rei!” Numa tradução mais ao entendimento contemporâneo: “nada é para sempre”. Aliás, este é o titulo em português de um belíssimo filme de Robert Redford, que com inesquecíveis imagens da paisagem do estado de Montana, nos EUA, conta a historia de dois filhos de um pastor que tomam rumos diferentes na vida. Vale a pena procurar o filme nas locadoras, deve ter em DVD, embora seja do inicio da década de 90.
Ocorreu-me a lembrança do filme por que o centro da história são pescarias realizadas entre o pai e os dois filhos, quando crianças e depois já jovens. Uma convivência de respeito, digna, afetuosa. Fez-me lembrar que, quando garoto, tive pouco tempo para desfrutar da convivência com meu pai, mas restaram três ou quatros boas lembranças daquele pouco tempo de convivência que me trazem a memória a serenidade com que ele encarava os fatos, mesmo aqueles que deixavam minha mãe alvoroçada ou, eu, como criança, temerosa. Papai partiu há 40 anos.
Por certo, as afetividades de hoje não são iguais as de 40, 30 anos para trás. Os laços familiares parecem ter-se modificado. A convivência e o respeito entre indivíduos de faixas etárias diferentes de tempos passados é bem diverso dos desses tempos “mudernos”. Não que se deva ter uma ideia saudosista e romântica dos “anos da minha infância”, mas é evidente que as responsabilidades e as necessidades no provimento e na constituição de uma família, nos dias atuais, parecem ter legado o exemplo e a educação dos filhos para outros que não o pai e a mãe. Hoje, observo em boa parte de meus alunos, meros resquícios de fundamentos morais sem os quais parecia impossível a convivência em outros tempos.
Assim, parece que a fase da anomia (do grego, a, “negação” e nomos, “lei”= algo como “sem lei”) que Jean Piaget, atribuiu a primeira fase da vida da criança, período em que ainda não tem estabelecidos valores morais, permanece para toda a vida. Temos uma geração de anômanos que talvez gerem outra geração de anômanos e assim iremos, nesse fluir triste, a uma condição de sociedade de completa ruína moral?
Ocorreu-me a lembrança do filme por que o centro da história são pescarias realizadas entre o pai e os dois filhos, quando crianças e depois já jovens. Uma convivência de respeito, digna, afetuosa. Fez-me lembrar que, quando garoto, tive pouco tempo para desfrutar da convivência com meu pai, mas restaram três ou quatros boas lembranças daquele pouco tempo de convivência que me trazem a memória a serenidade com que ele encarava os fatos, mesmo aqueles que deixavam minha mãe alvoroçada ou, eu, como criança, temerosa. Papai partiu há 40 anos.
Por certo, as afetividades de hoje não são iguais as de 40, 30 anos para trás. Os laços familiares parecem ter-se modificado. A convivência e o respeito entre indivíduos de faixas etárias diferentes de tempos passados é bem diverso dos desses tempos “mudernos”. Não que se deva ter uma ideia saudosista e romântica dos “anos da minha infância”, mas é evidente que as responsabilidades e as necessidades no provimento e na constituição de uma família, nos dias atuais, parecem ter legado o exemplo e a educação dos filhos para outros que não o pai e a mãe. Hoje, observo em boa parte de meus alunos, meros resquícios de fundamentos morais sem os quais parecia impossível a convivência em outros tempos.
Assim, parece que a fase da anomia (do grego, a, “negação” e nomos, “lei”= algo como “sem lei”) que Jean Piaget, atribuiu a primeira fase da vida da criança, período em que ainda não tem estabelecidos valores morais, permanece para toda a vida. Temos uma geração de anômanos que talvez gerem outra geração de anômanos e assim iremos, nesse fluir triste, a uma condição de sociedade de completa ruína moral?
Diante de tal realidade, um dos princípios categóricos do filósofo Imanuel Kant que pregava: “age de tal forma que o teu agir possa tornar-se uma lei universal”, no sentido de: “não faça aos outros o que não quer para si mesmo”, parece estar acontecendo às avessas. Será que esse fluir, esta mudança permanente de tudo e todos o tempo todo e sempre, no sentido heraclitiano, poderá também nos levar a volta de tempos mais afáveis? Ou, irremediavelmente, o fluir só flui para a frente, para tempos feitos de cada vez mais luz, mas tanta luz que menos ilumina e mais cega?
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