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sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Imbé tem 38 cargos para "servir" a 9 vereadores.











As cidades praianas do Rio Grande do Sul detêm, por certo, características singulares no que tange ao campo político. Se em Tramandaí, a Câmara de Vereadores tem 28 Cargos em Comissão (CCs), de livre nomeação e exoneração, Imbé, município fronteiriço, não fica para trás. Antes fica à frente. A estrutura "administrativa" do Legislativo imbeense, foi construída de forma a abrigar até 31 CCs, que podem ser nomeados livremente pelos vereadores de plantão para cargos de "chefes de setor", de "departamentos" ou, simplesmente, de "assessoria". Além destes "auxiliares" de suas atividades legislativas os edis de Imbé, contam ainda com sete servidores efetivos (concursados).

Para manter este "aparelho legislativo", a Câmara consumiu em 2008, R$ 1.462.229,61. Deste valor, R$ 432.510,40 foram para as despesas da folha de servidores. Já os vereadores, a título de "subsídio" consumiram R$ 213.300,00. Em diárias foram gastos R$ 187.421,90.

Em 2009 (os dados obtidos vão até o quinto bimestre/setembro-outubro), as despesas do Legislativo de Imbé, absorveram R$ 1.711.965,30, das receitas do município. Na rubrica "folha dos servidores", no período, foram contabilizados, R$ 374.636,82, enquanto que a rubrica "subsídios dos vereadores" consumiu outros R$ 362.992,82. Em diárias até o bimestre referido foram apontados gastos de R$ 115.702,21.

Imbé, segundo o IBGE, tem uma população atualmente estimada em 15.936 habitantes. Em 2008, realizou um orçamento de R$ 41.993.577,50, para uma estimativa inicial de R$ 29.784.544,68. Ou seja, a "previsão orçamentária" foi para o ano da prefeitura foi superada em quase um terço.

Para 2009, a previsão orçamentária a realizar era de R$ 45.344.727,79. Até outubro a prefeitura havia realizado R$ 35.024.535,20.

Atualmente o Legislativo é regido pela coligação que venceu para a prefeitura (PSDB-PTB). São quatro vereadores do PSDB e dois do PTB. A oposição tem um vereador do PP e dois do PMDB. A sede do Poder Legislativo funciona num prédio novo, com um boa estrutura. Um plenário para umas 100 pessoas rodeado por espaços generosos para os gabinetes dos vereadores e suas "assessorias".

Fonte: TCE-RS e Camara de Imbé.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Em Tramandaí, um exemplo a não ser seguido










A Câmara de Vereadores de Tramandaí, pode servir de péssimo exemplo, as pretensões nada exemplares do Legislativo de Estância Velha, que lá indignou a população do município. Em Tramandai, terra que ja teve como prefeitos, Elói Sessim e Eliseu Padilha, a população aceitou, ao que parece e convive há um bom tempo com um Legislativo tão "produtivo" e altamente "prestador de serviços" a comunidade que os vereadores precisam de mais de duas dúzias de "assessores".

Na "Capital das Praias", existem 28 Cargos em Comissão (CCs) e nove concursados, no Legislativo. Uma média de três cargos de confiança (de livre nomeação) por vereador.

O presidente da Câmara pode, por exemplo, nomear gente para "Diretor de Gabinete", "Assessor Parlamentar", "Assessor de Comunicação" e, vejam, dois cargos de "Assessor Especial". Os dois vice-presidentes e dos dois secretários da mesa diretora da Câmara, também, além do "diretor de gabinete" e do "assessor parlamentar", tem direito cada um a mais um "assessor de comunicação". Pode-se ver que é um Parlamento Municipal altamente comunicativo. Já os demais vereadores cada qual tem seu "diretor de gabinete" e "assessor parlamentar".

Tantos CCs, fazem com que a folha dos "servidores" da Câmara, seja maior do que a folha dos subsídios dos vereadores. Em 2008, aqueles consumiram R$ 514.232,60, e o município gastou para "remunerar" os vereadores, R$ 308.308,00. Já em diárias para viagens e tal, os vereadores consumiram, R$ 109.622,00 e os "servidores", por sua vez, R$ 72.666,50. Nao somados aqui um total de R$ 7.017,81, da rubrica "passagens".

Em 2009, com dados consolidados até outubro, a folha dos servidores foi de R$ 505.720,80. A dos vereadores, R$ 405.923,31. No mesmo período na rubrica "diárias" os vereadores aparecem com R$ 120.832,56. Já os "servidores" gastaram em viagens R$ 71.448,36.

A saber ainda: Tramandaí tem uma população estimada em 42 mil habitantes, igual a de Estância Velha. O orçamento para 2010 é de R$ 78 milhões, de Estância Velha é R$ 65 milhões.

Dos nove vereadores de Tramandaí, um é do PT, três do PP, três do PMDB e um do PRB e outro do PDT. A prefeitura é governada pelo PP que em 2008 ganhou a eleição com o apoio do PT.


OBS: Estes valores constam da "execução da despesa orçamentária por rubrica", do "relatório de execução orçamentária" que as prefeituras e câmaras mandam bimensalmente para o Tribunal de Contas do Estado (www.tce.rs.gov.br).

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

De Porto Xavier a Tramandaí.










O uso indevido do que é público é uma triste realidade por todos os cantos do país e não é diferente no Rio Grande do Sul, ao que parece. Nestas fotos um carro Santana, placas IMM 6729, estava no sábado, dia 23, saindo às 11h20, de frente ao Hotel Siri, em Tramandai. Voltando para Porto Xavier, talvez, coisa de uns 700 km da praia. Três pessoas embarcaram no veículo colocando no porta-malas, sacolas, cadeiras, travesseiro: uma jovem, uma mulher e um homem. Provavelmente, vieram representar o município em algum "evento", reunião de prefeitos ou algo parecido. Afinal, sempre acontecem reuniões de prefeitos e assessores, em pleno janeiro, e férias, nas praias gaúchas. A Famurs que o diga.

PS: De fato, houve um Assembléia de Verão, dos prefeitos em Tramandaí, dias 21 e 22, quinta e sexta-feira. Nada como unir o útil ao agradável.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Gastos da Câmara de Vereadores de Estância Velha, em 2009

No site da Câmara de Vereadores de Estância Velha ( www.camaraev.rs.gov.br ) , estão disponíveis os gastos, mês-a-mês da Legislativo. Por ai pode-se observar que o Executivo repassou religiosamente o valor mensal (duodécimo) do montante total previsto no Orçamento de 2009 (elaborado no mandato do prefeito passado), de R$ 1.800.000,00. Ou seja, a cada mês a Câmara recebia na sua conta R$ 150.000,00, destinados a sua manutenção. Para 2010, o Orçamento da Câmara é de R$ 2.560.000,00, que representa um repasse mesal devido pelo Executivo ao Legislativo de R$ 213.000,00.

Do montante total repassado a Câmara em 2009, cuja presidência foi exercida pelo vereador Claudio Hansen (PSB), foram consumido R$ 895.001,47. Ou seja, valor inferior ao que a mesma Câmara gastou em 2008, que ficou em R$ 1.061.000,00 (sob a presidência do então vereador Carlito Borges (PCdoB).

Do valor total dos gastos do Legislativo em 2009, R$ 28.164,18 foram pagos a título de "convocação extraordinária" (quando os vereadores realizam sessões no periodo de recesso de julho, dezembro, janeiro). Se dividirmos isso pelo número de vereadores (nove), cada vereador recebeu R$ 3.129,35. Algo equivalente a um salário mensal, ou seja, um décimo quarto salário.

Ainda. A titulo de diárias para viagens no estado ou fora dele (para "estudos" e "representar" o município), foram gastos em 2009 apenas com os vereadores: R$ 62.887,38, divido por oito vereadores, significam uma média de R$ 7.860,92. Algo próximo a mais três salários, considerando que o vencimento de um vereador é de R$ 2.900,00.

Os servidores da Câmara, na sua maioria Cargos em Comissão (Cargos de Confiança - CCs), também fizeram viagens de "estudo" e "aperfeiçoamento", embora não fiquem nas suas funções mais do que um ano. Na rubrica "diárias dos servidores" consta o valor total de R$ 22.970,35. Considerando que a Câmara tivesse em 2009, cinco servidores, cada um custou em diárias aos cofres públicos R$ 4.594,07.

O relatório de prestação de contas da Câmara revela que o vereador que mais tirou diárias foi Carlinhos Viramato (PT), num total de 35 diárias. Sendo 23 dentro do estado e 12 para fora do estado. Seguem, Tomé Foscarini (PT), atual presidente do Legislativo, com 22 diárias, donde, 10 no estado e 12 para fora do estado. O vereador João de Godoy, o Dudu (PMDB), também tirou 22 diárias, das quais 10 para viagens dentro do estado e 12 para viagens interestaduais.

Com 14 diárias, sendo seis no estado e 8 interestadual, estão os vereadores Toquinho (PT) e Geada (PSDB). A vereadora Sônia Brites (PSDB), viajou a "estudo" ou "representação", 10 diárias; destas, seis no estado e quatro para fora. O presidente da Câmara em 2009, Claudio Hansen (PSB), tirou três diárias para viagens dentro do estado e duas para viagens para fora do estado. A vereadora Rosani Morsch (PT), não utilizou diárias em 2009. Não foi possivel aferir o número de diárias por vereador no mês de dezembro, embora o site da Câmara, assinale gastos de R$ 8.167,20, não há o registro de quais vereadores as receberam.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Prefeito veta projeto do Legislativo de novos cargos

O prefeito-em-exercicio, Sérgio Schuh (PMDB), vetou o projeto de lei de origem legislativa que criava 11 cargos em comissão (CCs). A medida no todo pode ser inconstitucional pois o Poder Legislativo teria autonomia para tanto. A assinatura no prefeito neste caso seria meramente protocolar. De qualquer forma, agora será o Legislativo que "pariu Mateus que deverá embalá-lo" sozinho.

De qualquer forma a atitude do prefeito-em-exercício já é resultado do movimento popular de indignação contra a atitude dos vereadores. O mais estranho é que o presidente da Câmara, Tomé Foscarini (PT) afirma que o vice-prefeito estaria de acordo com a proposta que haviam acertado antecipadamente num acordo para votar outros projetos de interesse do Exercutivo em sessão remunerada extraordinária. Schuh, nega. Que coisa feia tudo isso.! Agora correm pela cidade listas buscando assinaturas para consolidar a contrariedade dos eleitores quanto a criação dos tais cargos de assessoria.

Agora a próxima etapa do movimento popular é o reinício das atividades legislativas no dia 02 de fevereiro. Até lá o movimento pretende coletar o maior número possivel de assinaturas e entrega-las aos vereadores e, ainda participar da sessão. Agora o veto do prefeito será analisado pelos vereadores. Se o mantiverem os cargos não serão criados. Se derrubarem o veto, automaticamente, promulgam a lei e haverão mais 11 "assessores" na Câmara, consumindo para "atender o povo" mais R$ 150 mil por ano.

O mais interessante nessa tentativa de "assalto" ao Erário via novos cargos em comissão é que, três vereadores governistas votaram pelo projeto. Definitivamente, os vereadores uma vez que assumem esquecem que chegaram lá pelo voto pessoal mas também por integrarem uma agremiação partidária. Ou será que esta idéia foi fartamente discutida com os partidos aos quais pertencem? Talvez melhor seja a constatação de que nossos vereadores não tem a mínima noção de que democracia se fundamenta também em partidos (que são sempre parte das idéias e interesses dominantes na sociedade).

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Não, não somos idiotas.









O
ntem, coisa de quase duas centenas de cidadãos e cidadãs movidos pela vento forte da indignação, reuniram-se em frente ao Parlamento Municipal de Estância Velha (sim, este deveria ser o nome oficial do prédio que abriga o Poder Legislativo, talvez o mais importante dos três poderes que fundam a República). É Parlamento, por que ali é o lugar de “parlare”, de se conversar, debater, sobre os destinos, sobre as leis que devem reger, regulamentar a vida na “polis” (cidade), enfim, o espaço efetivo do exercício da política da democracia representativa.


Uma das cidadãs mobilizadoras daquele movimento, daquela reunião de indignados, confessou que tinha uma expectativa de que mais gente aparecesse, afinal, não deve haver na cidade um número que possa ser significante de cidadãos que aprovassem a iniciativa dos vereadores criando mais uma dezena de cargos a titulo de “assessoria parlamentar”, acarinhados com um salário de R$ 1.500,00, cada um. Se fossem apenas dois cidadãos já teria valido a pena, já seria significativo, já seria um começo. Imagine duas centenas!!!

É certo que a tarde chuvosa, amarrada, pode ter levado muitos a não comparecerem a manifestação no horário marcado (18h30). De qualquer forma, os que não compareceram devido aquela surrada desculpa de “cansaço por um dia de trabalho”, ou algo parecido, certamente continuam não compactuando com a aberração criada pelos nossos “nobres edis”. Ou alguém, mesmo entre aqueles mais alienados, os “idiotés” gregos (cidadão que não participam da vida da comunidade), há algum que acredite que os tais “assessores” servirão a população e não funcionaram apenas como “cabos eleitorais” dos vereadores, só que pagos com o dinheiro do próprio eleitor?

A mobilização, a manifestação pode ser um marco, pois, o que se viu ali foram pessoas conversando civilizadamente e pedindo para inscrever seus nomes no abaixo-assinado contrário a ação dos “nobres edis”. Não se viu ali nenhuma manifestação de cunho político partidário, até por que entre os manifestantes estavam pessoas de todas as simpatias partidárias e também aqueles sem nenhuma simpatia. O que se viu foi o gesto inicial de uma população cansada, rebelada, contra a falta de ética e de responsabilidade cidadã das pessoas as quais delegamos o poder de trabalhar pelo bem da comunidade. Infelizmente, os nossos vereadores não conhecem o termo “bem comum”, tem outra interpretação para o conceito de comunidade, inverteram a idéia de ética com princípio necessário da vida em sociedade e transformaram a arte da política num exercício triste da falta de caráter.

Fiquei orgulhoso que, diante do acinte, do desprezo com que nossos vereadores lidam com a “coisa pública”, há ainda pessoas de bem, que não querem se comportar como os “idiotés” gregos. Podem não ser muitos ainda, mas são já o número suficiente para dar início a uma nova atitude frente a este “estado de coisas” que se tornou tanto a vida política na nossa cidade, no nosso estado, no nosso país. São em momentos como estes que vê quem é cidadão. O primeiro passo foi dado, o caminho assim, se faz andando. De fato, não somos todos nem idiotas no conceito atual, nem “idiotés” no conceito dos antigos gregos. Antes, somos cidadãos.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Perigo eminente, acidentes evitáveis

Prevenir é um conceito válido quando se quer evitar ou minimizar o surgimento de doenças, desastres, tragédias, sejam elas de que dimensão forem. Nestes tempos de não poucos e espantosos desastres ambientais e naturais que afetam a vida no planeta de forma direta ou indireta, deveríamos pensar em ações preventivas pois boa parte deles poderiam ter sido evitados e com isso enormes perdas materiais e, principalmente, humanas. É certo que é impossível prevenir-se contra eventos como terremotos sejam eles em terra ou no mar. Mas mesmo ai, hoje, a tecnologia, já busca antecipar-se pelo menos a ponto de reduzir o número de perdas humanas, as conseqüências desses fenômenos.

Acontecimentos climáticos (chuvas, temporais, ventos) sob certo aspecto já podem ser antecipados. Vemos, por exemplo, que o excesso de chuvas neste período, seguidas ou não de ventos, tem como causa o aquecimento das águas dos oceanos, mormente, o Pacífico, num fenômeno denominado El Nino. E, por certo, também já decorre alterações globais no clima decorrentes do processo crescente de degradação do ambiente natural devido a sua exploração desenfreada e a poluição.

Se alguns grandes desastres resultando de fenômenos climáticos podem até ser previstos, por que não podemos nos antecipar a possíveis acidentes que, aos nossos olhos, parecem eminentes? Percorrendo Estância Velha, observa-se vários pontos que parecem na eminência de protagonizarem acidentes cujas conseqüências poderão ser trágicas.

Um desses pontos, de risco na cidade, é o pórtico na entrada da avenida Presidente Vargas. Construído em 2001, de uma forma quase artesanal, tentado representar um modelo de construção primitiva dos pioneiros da emigração alemã, encontra-se hoje em processo rápido de deterioração por falta de manutenção e cuidados. Ao observá-lo nota-se o emitente risco de despencar uma telha ou mesmo, num temporal todo ele ruir sobre a avenida. Imagine-se ainda que estejam passando por sob ele veículos ou pedestres!!!

Outro ponto que parece anuncio de eminente tragédia é, também na avenida Presidente Vargas, na altura da Gráfica Mainardi, em frente ao Bairro Floresta. O risco tanto maior é para que esta saindo do centro da cidade em direção ao bairro Rincão dos Ilhéus, visto que passa sob arvores que estendem seus ramos sobre a avenida. Além do passeio não existir naquela altura, as arvores estão com raízes exposta e, praticamente, equilibrando-se no barranco que esta ruindo. Não há como, numa observação mais acurada imaginar que mais chuva ou algum vento vá nalgum momento fazer alguma daquelas arvores caírem sobre a avenida.

Há ainda, agora, ao final da avenida Brasil, as ruínas de um antigo curtume (Relin, se não me engano), onde uma extensa parede e tanques parecem apenas esperar um movimento da natureza mais forte para desabarem. Neste caso sobre o passeio (que também ali é apenas matagal) ou mesmo a avenida.



A questão é que transitar por estas duas vias (são apenas exemplos observáveis de forma direta), extremamente movimentadas da cidade importa nestes dois pontos em risco eminente. Não é possível antecipar-se ao que estes três locais já pré-anunciam? Será necessário esperar que algo aconteça – trágico ou não – mas certamente com ônus mais elevado do que o resultado de medidas preventivas? O que se espera de gestores públicos não são apenas planos que vagueiam nas suas mentes como se fossem a solução para todas as dores existentes no município, na vida dos cidadãos. O que se espera é que se antecipem a dor, ao prejuízo, ao que se sabe, evitável.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Somos todos idiotas?


No prédio do Legislativo há uma placa onde, ironicamente, se lê: "Trabalhando unido pela comunidade".






É comum utilizarmos a palavra "idiota" como um adjetivo pejorativo, mesmo não sabendo sua verdadeira etimologia. Encontramos nos dicionários definições como: "pessoa ignorante, burra, sem cultura, sem noção de nada, sem senso". Sinônimos são vários: "asno, tonto, mané, bocó, sonso, imbecil, otário, trouxa".

Pesquisando, no entanto a origem etimológica da palavra descobre-se que ela nasceu na democracia grega, em priscas eras, século IV a III antes de Cristo. Para os gregos "idiotés" era o termo usado para designar todos aqueles que não participavam da vida pública na "pólis", que significa cidade. Dai também "polités", politico, em certa forma "aquele que vivencia ou vive na cidade, o cidadão. Idiotas, portanto, para os pregos eram todos aqueles que não se importavam com o destino da cidade, vivendo abstraídos dos debates na "ágora" (praça em grego), onde os cidadãos (polités) se reuniam para deliberar em acalorados debates e discursos, no voto, sobre o destino da cidade, aprovando ou não as ações que o governante da cidade devia ou queria tomar.

Em Estância Velha, na surdina, em sessão "jetomizada", no recesso, foi aprovado um projeto de lei Legislativo criando uma dezena de cargos de "assessoria" parlamentar, com um custo anual estimado em R$ 160 mil, causa estranheza e espanto a quem esta atento e, de certa forma, participa dos espaços sociais de debate e deliberaçao sobre a vida da cidade. Estes se sentiram uns "idiotas" no termo pejorativo da palavra. Porém, a imensa maioria que vive como os "idiotés", no entendimento dos antigos gregos, nem sabe disso e pouco se indignará com isso. Talvez faça ou fez um muxoxo de tédio e apenas murmurado bovinamente: "não se esperava outra coisa".

Votei, mas não pedi voto, em um dos vereadores que hoje compõe a "Casa Legislativa". Não lamento. Estamos sujeitos a decisões erradas. Mas, esta atitude, bem como a criação de um tal "Fundo do Legislativo" e ainda, a ampliação da dotação orçamentária do Legislativo para 2010, foi a gota d´água. Observo ainda que as duas mulheres vereadoras, pelas quais nutri grande esperança de qualificar o debate, em geral paupérrimo, que ocorre na Câmara, assinaram tanto esta quanto as outras "ações" legislativas nominadas. São as únicas representantes no Legislativo com curso superior. Isso, acreditei, ajudaria a fazer a diferença. Mas, pelo visto, a escolaridade não ajuda no discernimento de conceitos morais em política.

É certo que vivemos num país onde contemplamos uma legitima corja de ladrões que se perpetuam ou se alternam no poder no nefasto trabalho de dilapidar o patrimônio publico, valendo-se da falta de consciência politica de uma massa de cidadãos que preferem viver na condição dos "idiotés" gregos. é bem verdade que muitos se orgulham da sua apatia política. Dizem que "politica é coisa de políticos", que o povo não sabe fazer nada, que somos todos uma massa de alienados. Este tipo de pensamento, enquanto continuar dominante, consolidará o nosso país, o nosso estado, a nossa cidade como um exemplo mais degradante de uma classe política e, mesmo de uma sociedade com valores cada vez mais longe do que se espera de um pais, desenvolvido, civilizado.

Acredito que, para sairmos deste nível, precisamos tomar atitudes, pequenas, cada um no seu espaço social. Saber-se políticos no verdadeiro sentido da palavra, ou seja, de cidadão, de pessoa que participa, que se interessa, que quer conhecer os meandros do poder que delegamos, através da nossa democracia representativa, aos melhores e não a escória moral da sociedade, seja em âmbito for. A participação política não se dá apenas votando ou indo uma vez ou outra a uma sessão na Câmara, a uma "audiência pública" do Executivo ou filiando-se a um partido. A participação se dá nos conselhos de controle social, no CPM da escola, na associação do bairro, na entidade representativa de classe.

Seria melhor se batêssemos no peito com orgulho dizendo: "sim, eu participo, eu quero saber, eu quero conhecer", do que agir como um idiota dizendo: "política é tudo podre, associação não adianta, eu cuido da minha vida". Os "idiotés" gregos, em determinado momento foram tantos que a grande cultura e sociedade grega antiga, ruiu. Que fique com a gente, diante de tais ações de nossos agentes políticos, um sentimento de idiota, mas não uma atitude idiota, antes um sentimento de indignação que se transforme em ação. Talvez ainda haja tempo para evitarmos a ruína total do país, das nossas cidades, como nação, como povo.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Área para Distrito Industrial, “cama de gato”?

(clique em cima das fotos para ver ampliada a área referida no texto)

A Administração Dilkin/Schuh (PSDB/PMDB), teve aprovada no final do ano passado, pela unanimidade dos próceres edis da pujante Câmara de Vereadores de Estância Velha, a autorização para adquirir uma área de 46 hectares, localizada na saída para o município de Portão (a Cabanha Nossa Senhora de Fátima). A justificativa para tal aquisição é de que a mesma servirá para a instalação de um cantado e decantado “distrito industrial” e, também, de um necessário espaço que sirva a realização de eventos. O custo final de tal investimento é de R$ 3.395.000,00. Pelo que se anuiu, a ser pago no decorrer do mandato atual. Ou seja, em três anos.

Considerando que, conforme, o Plano Plurianual (2010-2014), também aprovado no ano falecido pela Egrégia Casa Legislativa estanciense, o valor médio de investimento previsto para os próximos anos vindouros - três da atual administração e um da que lhe suceder -, ficará ao redor de R$ 6 milhões. Algo, conforme o Orçamento aprovado para 2010, ao redor de 10%, das receitas do mesmo. Bem, considerando isso, se o valor da aquisição da referida área fosse todo bancado no ano que já adentramos, significaria que cerca de 50% dos recursos previstos para investimentos já estaria empenhado nesta compra.

É sabido, então, que do total da área adquirida, parte será destinada ao que já denominam “Centro de Eventos” (local para a realização de feiras, festas, atividades esportivas, etc.). Para tanto deve-se disponibilizar – considerando a infra-estrutura necessária – de espaço para a urbanização, estacionamento, construção de pavilhões, enfim, o necessário para acomodar instalações de acordo com os eventos que se pretende ali realizar. Acredito sejam necessários para isso, uns 15 a 20 hectares.

Definida a área para o “Centro de Eventos”, restarão metade ou mais um pouco, coisa de 26 hectares para o “Distrito Industrial”. Vai daí também a necessidade de se urbanizar a área (ruas, pavimentação, área verde, rede de energia elétrica, saneamento, etc). A abertura de ruas, de 12 por 100 metros, representa para cada quadra (de um hectare), outro tanto de espaço para arruamento e passeios. Ou seja, se tivermos 29 hectares e quisermos disponibilizar 15 para a instalação de pavilhões industriais teremos que disponibilizar coisa de uns 10 a 15, para vias públicas.

Vamos a um exemplo. Uma empresa tipo a Distribuidora de Alimentos Johnan, hoje estabelecida no Rincão dos Ilhéus, já ocupando praticamente um hectare para acomodar suas instalações, se vier a se transferir para o Distrito Industrial (inclusive com outras instalações suas sediadas em outros municípios da região) necessitará de muito mais espaço. Por esta ótica, é de se crer que a área toda, para os fins que se propõe será insuficiente para acomodar ali empresas que mudem o perfil de Estância Velha. O investimento total (contando ainda a infra-estrutura, cujos custos serão superiores ao próprio custo da aquisição da área ) comprometerá, então, ao longo de alguns anos, recursos cujo retorno não virá tão cedo para pagá-lo, ou mesmo, significar lucro.

Por certo, um gestor público precisa também ser ousado. Um investimento da monta feita para a aquisição da área referida, diminui o fôlego da disposição de recursos para outros investimentos de capital também importantes. Por exemplo, investir em saneamento básico já que uma parte quase insignificante da cidade possui rede de saneamento qualificado, principalmente, do esgoto doméstico. Observe-se aqui que temos uma área para o deposito do lixo urbano em permanente estrangulamento. E, ainda, uma infra-estrutura urbana deficiente. São ações que requerem grande monta de recursos e, ainda, não consideramos a rede de saúde e nem a ampliação necessária de outros serviços públicos na área social e educacional.

O ato da aquisição da área, sob o aspecto do volume de investimento necessário e das demais demandas que ainda precisam ser providas e resolvidas, faz-me lembrar que a iniciativa da administração atual pode constituir-se numa “cama de gato” que fez para si própria. A oposição aprovou a idéia feliz com a possibilidade de empurrar a administração sobre o que ela própria construiu. Se tal iniciativa constituir-se num “elefante branco” o prejuízo será de toda a população. Exemplo de “distritos industriais” entregues ao mato, cobras e lagartos, não são incomuns, mesmo em municípios próximos ao nosso. Será este o caminho do de Estância Velha?