O clima esta escatológico. É isso? Que seja. Chuvas, tempestades, pedras, ventos. Até os tatús (fica com acento de acordo com a nova reforma ortográfica? - não importa) estão abandonando suas tocas, por certo, inundadas pela umidade extrema desses dias. Tanto é assim que hoje, 28.09, no caminho para o trabalho, observei na avenida principal de acesso a cidade um volume esquisito na linha divisória do asfalto. "Um tatú?" Perguntei-me, pensando alto. Passei do trajeto mas encafifei. "Um tatú, aqui em pleno asfalto, à entrada da cidade?". É certo que às duas margens da avenida há terrenos não urbanizados, mas estes bichos são raros de serem avistados. Um quilômetro adiante dei volta. No retorno, passei pelo local e lá estava o bicho, estático. Morto? Estacionei o carro e desci. A chuva tinha amainado. Uma garoa fina cai. Cuidei para atravessar até o meio da avenida e chegar junto ao cordão central onde estava o bicho, lastimado. Definitivamente, morto, constatei. Pelo visto o atropelamento tinha sido a pouco. Não haviam ferimentos expostos e não havia sangue. Estimei que ele atravessara a via no momento errado. 7h20 era um horário de tráfego intenso. Péssimo horário para um bicho lento atravessar uma via movimentada.
Peguei o animal pelo rabo e cruzei a via de volta. Alguns carros passaram por mim e, por certo, os condutores olharam admirados a cena estranha de um homem carregando um bicho pelo rabo. Quem conhecia identificou que era um tatú. Devem ter pensado: "Olhe só, o cara atropelou um tatu e agora esta vai levá-lo para o café da manhã". Dizem que a carne de tatú é apetitosa. Nunca experimentei. Coloquei o bicho no porta-malas e rumei para o trabalho. Sou professor, meu trabalho é na escola. Achei que o inusitado fato e o bicho, quase raro, poderiam servir para um aprendizado pedagógico.
Cheguei na escola, na hora em que a sineta soava pela primeira vez. Estacionei o carro. Retirei o tatú, morto, do porta-malas. A cena chamou a atenção de alguns alunos que chegavam no mesmo momento. Alguns acorreram na minha direção, curiosos. Os garotos fazendo perguntas. Algumas meninas fugiram com ar de nojo. Questionaram-me como eu havia conseguido aquele animal. Contei a história. Depois, deixei o bicho deitado sobre um jornal e fui para a sala. Lá mais perguntas. Ao final de várias explicações e algumas observações sobre o valor e sabor da carne de tatu, um aluno pediu para levá-lo. "Meu pai poderia usar o casco, principalmente, para fazer cabo de faca e preparar ele como comida", assegurou. Ascendi que sim. Mas observei que transportar um animal selvagem ainda mais morto, poderia implicar em situação de suspeita de crime ambiental, caso fosse parado por alguma autoridade policial. Ao final das aulas do turno da manhã, o aluno levou o bicho para casa. Espero noticias do que resultou do mesmo.
Contada a história resta a constatação de que o clima talvez tenha favorecido ao triste destino do tatú que, pelo que pesquisei, deve ser da familia Tolypeutes tricinctus, o dito tatú-bola. Pelo que consta é o menor tatu brasileiro, o único tatu endêmico, isto é, que existe apenas no nosso Brasil. É o mais ameaçado, porque, como não cava bem como os outros tatus, é mais fácil de ser caçado. Este, pelo visto sobreviveu em plena área urbana. Não sei por quanto tempo, mas, ao final, foi vitima daquilo que mais mata Brasil a fora: o trânsito.
Peguei o animal pelo rabo e cruzei a via de volta. Alguns carros passaram por mim e, por certo, os condutores olharam admirados a cena estranha de um homem carregando um bicho pelo rabo. Quem conhecia identificou que era um tatú. Devem ter pensado: "Olhe só, o cara atropelou um tatu e agora esta vai levá-lo para o café da manhã". Dizem que a carne de tatú é apetitosa. Nunca experimentei. Coloquei o bicho no porta-malas e rumei para o trabalho. Sou professor, meu trabalho é na escola. Achei que o inusitado fato e o bicho, quase raro, poderiam servir para um aprendizado pedagógico.
Cheguei na escola, na hora em que a sineta soava pela primeira vez. Estacionei o carro. Retirei o tatú, morto, do porta-malas. A cena chamou a atenção de alguns alunos que chegavam no mesmo momento. Alguns acorreram na minha direção, curiosos. Os garotos fazendo perguntas. Algumas meninas fugiram com ar de nojo. Questionaram-me como eu havia conseguido aquele animal. Contei a história. Depois, deixei o bicho deitado sobre um jornal e fui para a sala. Lá mais perguntas. Ao final de várias explicações e algumas observações sobre o valor e sabor da carne de tatu, um aluno pediu para levá-lo. "Meu pai poderia usar o casco, principalmente, para fazer cabo de faca e preparar ele como comida", assegurou. Ascendi que sim. Mas observei que transportar um animal selvagem ainda mais morto, poderia implicar em situação de suspeita de crime ambiental, caso fosse parado por alguma autoridade policial. Ao final das aulas do turno da manhã, o aluno levou o bicho para casa. Espero noticias do que resultou do mesmo.
Contada a história resta a constatação de que o clima talvez tenha favorecido ao triste destino do tatú que, pelo que pesquisei, deve ser da familia Tolypeutes tricinctus, o dito tatú-bola. Pelo que consta é o menor tatu brasileiro, o único tatu endêmico, isto é, que existe apenas no nosso Brasil. É o mais ameaçado, porque, como não cava bem como os outros tatus, é mais fácil de ser caçado. Este, pelo visto sobreviveu em plena área urbana. Não sei por quanto tempo, mas, ao final, foi vitima daquilo que mais mata Brasil a fora: o trânsito.
* Foto do bicho, inevitavelmente, atropelado e morto.