Depois de 20 anos de proeminência na politica de Estância Velha, Toco, sai de cena |
O quadro político para a eleição municipal deste ano, em
Estância Velha, sofreu uma reviravolta como em raros momentos se viu na
região. Talvez se assemelhe ao caso de
Campo Bom lá no inicio desde século quando o PMDB, tendo por perdida a eleição,
conseguiu trazer de volta ao páreo, na ultima hora, o mitológico, Giovani
Feltes, atual secretário da Fazenda do Estado.
Ele ganhou a eleição. Em Estância
Velha ocorreu o inverso. Um candidato
com a eleição garantida, com a perspectiva de uma vitória acachapante, a menos
de 10 metros do final da corrida eleitoral, já com o diploma de prefeito na
mão, desiste de tudo, da vida politica e publica.
A atitude do ex-prefeito Elivir
Desiam, o Toco, de não concorrer como candidato a prefeitura pelo Partido dos
Trabalhadores, chocou a comunidade e, principalmente, os próprios petistas. Não que julgassem isso impossível de
acontecer. Toco, desde que entrou na
politica, construiu uma carreira de tal forma fulminante, baseada em critérios
de marketing de si próprio, pela sua simpatia e empatia politica, que constituiu-se numa figura politica tão
frondosa que fez sombra a todas as outras, inclusive, do seu próprio partido. Isso impediu que vicejassem pretensões para
além de uma candidatura que não fosse, no máximo, a vereador. Fez um primeiro
mandato (2001/2004), simples e brilhante e um segundo mandato (2005/2008) - para o qual se elegeu com 81% dos votos, em
parte, contestado em face de figuras rasputinianas que passaram a ganhar
evidência no seu governo.
Três grandes méritos tiveram as
duas administrações de Partido dos Trabalhadores com Toco, a frente da
prefeitura. O primeiro foi ter
transformado a realidade do sistema de saúde do município. Antes, o “fazer saúde” no município era
centrada apenas a partir do Hospital Municipal Getúlio Vargas (existiam três
meios postos de saúde na cidade). Avalizou
a ampliação da rede de atenção básica, com a implantação de 8 equipes de Estratégia
de Saúde da Familia (ESF) o que ampliou o
acesso da população aos serviços de
saúde , numa perspectiva voltada para a promoção e a prevenção. Na outra ponta, na área da Educação, investiu
na melhoria da rede, na implantação de um programa de merenda escolar altamente
qualificado e de, novas séries nas escolas, que, na sua maioria, tinham apenas até
o 5º ano. No que tange ao
desenvolvimento econômico da cidade (buscando não ficar refém dos humores da indústria
de calçados e nem da impossibilidade de atrair uma empresa de grande porte para
a cidade, dado a pouca disponibilidade de área física para isso) apostou no
turismo de eventos. Festas populares
atraiam multidões e fomentavam o consumo no comércio local.
Findo os dois mandatos, Toco
ditava todo o compasso das ações políticas do PT, em Estância Velha. Buscando fazer seu sucessor, atraiu do PMDB,
seu tio, Euclides Tisiam, o Gringo. Impôs o mesmo como candidato a prefeito,
assim como seu vice, Plinio Hoffmann, vereador mais votado do PT, na ultima
eleição. Na mesma eleição, concorreram “contra
o candidato do Toco”, Jorge Machado
(PCdoB) que nos oito anos anteriores havia sido secretário nas duas
administrações do PT. Este, coligado com o PTB que teve como vice, Angela
Marmitt, que, como vereadora pelo PMDB, havia capitaneado uma CPI contra Toco, no seu primeiro mandato. Ela, no segundo mandato participou da administração, convidada que foi pelo próprio Toco. Exerceu um cargo num setor que seria o responsável por projeto de captação de recursos (que, na verdade, num captou nada
de relevante para o município naquele período). Ainda, na direção contrária aos candidatos de Toco, se posicionaram o PSDB e o PMDB. Uniram-se em torno de um candidato com perfil de “empresário” bem relacionado nos círculos
sociais da cidade, José Waldir Dilkin, A
campanha foi baixa, insidiosa, principalmente, pelo lado do PSDB/PMDB. Somando isso e a divisão entre aqueles que haviam estado na
administração Toco/PT (Jorge Machado/PCdoB/Angela/PTB),o resultado foi a vitória de uma oposição que sempre foi fraca nos dois
mandatos anteriores.
Todo este relato, no entanto,
agora, são "águas passadas". O fato é que
a desistência intempestiva de Toco de uma eleição ganha – não vamos considerar
o seu discurso justificando tal atitude
(família, politica podre, luta pelo poder, etc) porque ele, no final, como politico não deixou de
contribuir para aquilo que agora critica, quando não fez nada para mudar, aliás, se alimentou disso e deixou que outros também se alimentassem. O fato é que se criou um quadro novo no espectro politico da
cidade.
Com Toco fora do páreo as
esperanças morimbundas da oposição voltam a vicejar. Se este ano fosse uma campanha mais longa,
haveria de positivo a possibilidade de se estabelecer um debate mais construtivo
em torno de cada projeto politico, muito embora a população sempre diga que
vota em pessoas, não em projetos políticos. É a cultura politica que temos. Assim, como está não haverá debate
algum. Os nomes que se posicionarem no
tabuleiro tentarão apenas se fazer conhecidos e, como de regra, alguns virão
com as propostas mais estapafúrdias possíveis, impossível de serem
contestadas. Outros, se aventurarão como
“o novo”. E haverá aqueles que se
apresentarão como “os experientes”.
Enfim, alea jacta est. Traduzindo a frase de Julio Cesar ao cruzar o
Rubicão para conquista Roma: a sorte esta lançada.
Para finalizar, do lado do PT, a
que se colher algo positivo disso. O
partido já manifestou que terá candidato próprio, mas esta aberto a coligações
tanto na proporcional como na majoritária. Espera-se que tenha mais critérios do
que apenas amarrar alianças para ganhar
o poder e não para defender uma proposta programática de governo diferenciada
da atual ou das que se apresentarem na disputa.
O partido tem nomes que transitam
entre o novo e os mais experimentados.
Que escolha fará? É preciso, buscando colher o que de melhor se pode
tirar de uma situação ruim. Em politica fala-se sempre em renovação, mas invariavelmente,
quando há uma renovação de nomes, não se consegue o mesmo quanto as
práticas. Esta ai o exemplo do prefeito atual.
O novo não significa integralmente, mudança daquilo que sempre ai esteve. O experimentado também não. Política se faz com propostas e candidatos que possuam algum carisma, simpatia e caráter. Se conseguir reunir estes três adjetivos numa candidatura, seja ela nova ou experimentada, o PT poderá ir além do seu quinhão permanente de votos no município (em torno de 25% do eleitorado) e conquistar, de novo a prefeitura.
O novo não significa integralmente, mudança daquilo que sempre ai esteve. O experimentado também não. Política se faz com propostas e candidatos que possuam algum carisma, simpatia e caráter. Se conseguir reunir estes três adjetivos numa candidatura, seja ela nova ou experimentada, o PT poderá ir além do seu quinhão permanente de votos no município (em torno de 25% do eleitorado) e conquistar, de novo a prefeitura.
Toco ao sair da politica criticou
que “sempre os mesmos” se apresentam. Para ele isso demonstra uma sede e luta pelo poder
que entorpece a política. Quer que creiamos que foi esta "eterna luta" que o fez sair
da vida publica e política.
Toco já esta na história politica de Estância Velha, cabe agora ao PT ser, de
fato, o partido que deveria ter continuado a ser desde que foi fundado em
Estância Velha: um contraponto programático e ideológico aos demais partidos
que dominavam, desde a emancipação o cenário politico do município. A saída de Toco da a liberdade ao PT para retomar esta caminhada deixando de ser o
Partido do Toco que foi nos últimos 20 anos, para ser o Partido dos
Trabalhadores, como se constituiu ao ser fundado por alguns corajosos
estancieses lá no século passado. Por outro lado, a politica e a cidade perdem um pouco com a saida de cena de um político carismático. Porém, também ganha porque isso abre espaço para a projeção de novas lideranças, principalmente, do PT.
PS:
Na ultima sexta-feira, em reunião extraordinária, com o diretorio e pré-candidatos a vereador, o PT, além de manifestar-se a favor de uma candidatura própria, colheu entre seus filiados cinco nomes que poderiam ter potencial para entrarem no páreo defendendo o programa de governo do partido. Foram elencados os nomes de Pedrinho Engelmann, atual presidente do partido e que foi candidato a prefeito na eleição ultima. Airton Haag, que foi candidato a vice na chapa de Pedrinho. A vereador Neila Becker, a Mana, vereadora do PT no atual mandato. O ex-vereador Luis Carlos Soares e ainda, a enfermeira, Marcia Ribeiro. Dentre estes, o partido deve definir nesta semana que será o indicado para concorrer a prefeito.
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