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segunda-feira, 18 de julho de 2016

O que o PT, Estância Velha e a politica ganham e perdem sem Toco


Depois de 20 anos de proeminência na politica de Estância Velha, Toco, sai de cena

O quadro político  para a eleição municipal deste ano, em Estância Velha, sofreu uma reviravolta como em raros momentos se viu na região.  Talvez se assemelhe ao caso de Campo Bom lá no inicio desde século quando o PMDB, tendo por perdida a eleição, conseguiu trazer de volta ao páreo, na ultima hora, o mitológico, Giovani Feltes, atual secretário da Fazenda do Estado.  Ele ganhou a eleição.  Em Estância Velha ocorreu o inverso.  Um candidato com a eleição garantida, com a perspectiva de uma vitória acachapante, a menos de 10 metros do final da corrida eleitoral, já com o diploma de prefeito na mão, desiste de tudo, da vida politica e publica.


A atitude do ex-prefeito Elivir Desiam, o Toco, de não concorrer como candidato a prefeitura pelo Partido dos Trabalhadores, chocou a comunidade e, principalmente, os próprios petistas.  Não que julgassem isso impossível de acontecer.  Toco, desde que entrou na politica, construiu uma carreira de tal forma fulminante, baseada em critérios de marketing de si próprio, pela sua simpatia e empatia politica, que  constituiu-se numa figura politica tão frondosa que fez sombra a todas as outras, inclusive, do seu próprio partido.  Isso impediu que vicejassem pretensões para além de uma candidatura que não fosse, no máximo, a vereador. Fez um primeiro mandato (2001/2004), simples e brilhante e um segundo mandato (2005/2008) -  para o qual se elegeu com 81% dos votos, em parte, contestado em face de figuras rasputinianas que passaram a ganhar evidência no seu governo.


Três grandes méritos tiveram as duas administrações de Partido dos Trabalhadores com Toco, a frente da prefeitura.  O primeiro foi ter transformado a realidade do sistema de saúde do município.  Antes, o “fazer saúde” no município era centrada apenas a partir do Hospital Municipal Getúlio Vargas (existiam três meios postos de saúde na cidade).  Avalizou a ampliação da rede de atenção básica, com a implantação de 8 equipes de Estratégia de Saúde da Familia (ESF) o que  ampliou o acesso  da população aos serviços de saúde , numa perspectiva voltada para a promoção e a prevenção.   Na outra ponta, na área da Educação, investiu na melhoria da rede, na implantação de um  programa de merenda escolar altamente qualificado e de, novas séries nas escolas, que, na sua maioria, tinham apenas até o 5º ano.  No que tange ao desenvolvimento econômico da cidade (buscando não ficar refém dos humores da indústria de calçados e nem da impossibilidade de atrair uma empresa de grande porte para a cidade, dado a pouca disponibilidade de área física para isso) apostou no turismo de eventos.  Festas populares atraiam multidões e fomentavam o consumo no comércio local. 

Findo os dois mandatos, Toco ditava todo o compasso das ações políticas do PT, em Estância Velha.  Buscando fazer seu sucessor, atraiu do PMDB, seu tio, Euclides Tisiam, o Gringo. Impôs o mesmo como candidato a prefeito, assim como seu vice, Plinio Hoffmann, vereador mais votado do PT, na ultima eleição.  Na mesma eleição, concorreram “contra o candidato do Toco”,  Jorge Machado (PCdoB) que nos oito anos anteriores havia sido secretário nas duas administrações do PT. Este, coligado com o PTB que teve como vice, Angela Marmitt, que, como vereadora pelo PMDB, havia capitaneado uma CPI contra Toco, no seu primeiro mandato. Ela, no segundo mandato participou da administração,  convidada que foi pelo próprio Toco. Exerceu um cargo num setor que seria o responsável por projeto de captação de recursos (que, na verdade, num captou nada de relevante para o município naquele período).  Ainda, na direção contrária aos candidatos de Toco, se posicionaram o PSDB e o PMDB. Uniram-se em torno de um candidato com perfil de “empresário” bem relacionado nos círculos sociais da cidade, José Waldir Dilkin,  A campanha foi baixa, insidiosa, principalmente, pelo lado do PSDB/PMDB.  Somando isso e a divisão entre aqueles que haviam estado na administração Toco/PT (Jorge Machado/PCdoB/Angela/PTB),o resultado foi a vitória  de uma oposição que sempre foi fraca nos dois mandatos anteriores.


Todo este relato, no entanto, agora, são "águas passadas".   O fato é que a desistência intempestiva de Toco de uma eleição ganha – não vamos considerar o seu discurso  justificando tal atitude (família, politica podre, luta pelo poder, etc) porque  ele, no final, como politico não deixou de contribuir  para aquilo que agora critica, quando não fez nada para mudar, aliás, se alimentou disso e deixou que outros também se alimentassem.  O fato é que se  criou um quadro novo no espectro politico da cidade.  


Com Toco fora do páreo as esperanças morimbundas da oposição voltam a vicejar.  Se este ano fosse uma campanha mais longa, haveria de positivo a possibilidade de se estabelecer um debate mais construtivo em torno de cada projeto politico, muito embora a população sempre diga que vota em pessoas, não em projetos políticos.  É a cultura politica que temos. Assim, como está não haverá debate algum.  Os nomes que se posicionarem no tabuleiro tentarão apenas se fazer conhecidos e, como de regra, alguns virão com as propostas mais estapafúrdias possíveis, impossível de serem contestadas.  Outros, se aventurarão como “o novo”.  E haverá aqueles que se apresentarão como “os experientes”.   Enfim, alea jacta est. Traduzindo a frase de Julio Cesar ao cruzar o Rubicão para conquista Roma: a sorte esta lançada.


Para finalizar, do lado do PT, a que se colher algo positivo disso.  O partido já manifestou que terá candidato próprio, mas esta aberto a coligações tanto na proporcional como na majoritária.   Espera-se que tenha mais critérios do que  apenas amarrar alianças para ganhar o poder e não para defender uma proposta programática de governo diferenciada da atual ou das que se apresentarem na disputa.


O partido tem nomes que transitam entre o novo e os mais experimentados.  Que escolha fará? É preciso, buscando colher o que de melhor se pode tirar de uma situação ruim. Em politica fala-se sempre em renovação, mas invariavelmente, quando há uma renovação de nomes, não se consegue o mesmo quanto as práticas. Esta ai o exemplo do prefeito atual.

O novo não significa integralmente, mudança daquilo que sempre ai esteve.  O experimentado também não.    Política se faz com propostas e  candidatos que possuam algum carisma, simpatia e caráter.   Se conseguir reunir estes três adjetivos numa candidatura, seja ela nova ou experimentada, o PT poderá ir além do seu quinhão permanente de votos no município (em torno de 25% do eleitorado) e conquistar, de novo a prefeitura.


Toco ao sair da politica criticou que “sempre os mesmos” se apresentam.  Para ele isso demonstra uma sede e luta pelo poder que entorpece a política.  Quer que creiamos que foi esta "eterna luta" que o fez sair da vida publica e política.  Toco já esta na história politica de Estância Velha, cabe agora ao PT ser, de fato, o partido que deveria ter continuado a ser desde que foi fundado em Estância Velha: um contraponto programático e ideológico aos demais partidos que dominavam, desde a emancipação o cenário politico do município.  A saída de Toco da a liberdade ao PT  para retomar esta caminhada deixando de ser o Partido do Toco que foi nos últimos 20 anos, para ser o Partido dos Trabalhadores, como se constituiu ao ser fundado por alguns corajosos estancieses lá no século passado. Por outro lado, a politica e a cidade perdem um pouco com a saida de cena de um político carismático. Porém, também ganha porque isso abre espaço para a projeção de novas lideranças, principalmente, do PT.

PS:
Na ultima sexta-feira, em reunião extraordinária, com o diretorio e pré-candidatos a vereador, o PT, além de manifestar-se a favor de uma candidatura própria, colheu entre seus filiados cinco nomes que poderiam ter potencial para entrarem no páreo defendendo o programa de governo do partido.  Foram elencados os nomes de Pedrinho Engelmann, atual presidente do partido e que foi candidato a prefeito na eleição ultima.  Airton Haag, que foi candidato a vice na chapa de Pedrinho.  A vereador Neila Becker, a Mana, vereadora do PT no atual mandato. O ex-vereador Luis Carlos Soares e ainda, a enfermeira, Marcia Ribeiro.  Dentre estes, o partido deve definir nesta semana que será o indicado para concorrer a prefeito.


quinta-feira, 7 de julho de 2016

Receita de IPTU teve crescimento de 255% em 8 anos.

Cidade teve um grande crescimento imobiliário nos ultimos anos
Fazendo um estudo sobre o crescimento da arrecadação do município de Estância Velha, nesta primeira década e meia do século 21, chega-se, a números interessantes. 

Em 2001, o município realizou uma receita de R$ 21.246.671,83.  Foi o primeiro ano do mandato do ex-prefeito Elivir “Toco” Desian (PT). Em 2008, ultimo ano do seu segundo mandato, a arrecadação municipal alcançou R$ 58.028.614,83.  Um crescimento de 173,12% em relação ao anotada no inicio do primeiro mandato.

Já em 2009, primeiro ano do mandato do atual prefeito, José Waldir Dilkin, o tesouro municipal arrecadou  R$ 61.076.462,72. Neste ano, derradeiro, do segundo mandato do mesmo prefeito, a estimativa é de que conclua o ano realizando em torno de R$ 101.807.592,00 de receita, ou seja, revelando um crescimento de 66,69% na comparação com o realizado no primeiro ano do primeiro mandato.

Se observarmos, porém, a principal fonte do que se chama “receita própria” ou seja, aqueles tributos gerados no município e que caem diretamente no cofre da prefeitura, como o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), verificamos o contrário.  Em 2001, o município arrecadou, oriundo deste imposto, R$ 1.450.215,00 e em 2008, alcançou R$ 2.238.541,91. Um crescimento, no período de 54,35%.  Já em 2009, o IPTU rendeu, R$ 2.041.550,80 e, neste ano, até junho, já alcançou R$ 7.260.924,82.  Ou seja, um crescimento de 255,65% em relação ao anotado no primeiro ano da primeira gestão do prefeito atual.

Esta situação se explica, por certo, por dois caminhos.  O primeiro é de que houve, neste período, uma revisão significativa nos critérios, índices e valores incidentes sobre o tributo.  A segunda é o fato de que por conta dos programas de financiamento habitacional do governo federal, houve uma explosão imobiliária na cidade. Surgiram e, ainda, estão surgindo loteamento e mesmo bairros inteiros na cidade.  Tudo isso ajudou a incrementar este tributo e, com isso, a receita orçamentária do município, embora, de outro lado, não tenham ocorrido, na mesma direção, um maior crescimento industrial do município que poderia estimular o crescimento de outros índices que incidem de forma indireta sobre a produção da receita municipal, como o ICMS.

Estes dados não são suficientes e nem definitivos, mas um olhar sobre eles, corrobora o que já observa a própria população: o próximo período que suceder a este deverá  ser de retomada do desenvolvimento do município, incrementando outros setores da economia local. Não somos um município de grandes áreas para a implantação de empresas expressivas.  O “distrito industrial”, não tem espaço suficiente para a instalação de empresas com grande capacidade de geração de receita para o município. Talvez, seja hora de, diante desta realidade de espaço físico, buscar criar ou atrair para o município empresas que trabalhem com tecnologia.  Via de regra, não demanda de muito espaço fisíco, muito embora, necessitem de mão de obra qualificada, coisa que o município, nesta área talvez não tenha muito a oferecer.  

A demanda por serviços públicos cresceram como cresceu e vem crescendo a população.  Será necessário ao futuro gestor do município encontrar caminhos para oferecer solução as demandas, tanto quanto a necessidade de ampliar receitas.