O anúncio de que a ministra da Casa Civil - e virtual candidata a presidente da República-, Dilma Roussef, é portadora, e esta em tratamento, contra um tumor cancerígeno (um linfoma, espécie de câncer que atinge os gânglios), demonstra mais uma vez que um agente político, uma pessoa pública, não tem mais nem a privacidade da sua angústia. A doença que atinge a ministra, segundo os médicos, foi detectada no seu inicio e, ainda segundo eles, tem condições de ser debelada. O tumor foi retirado e ela esta em processo de tratamento quimioterápico podendo, inclusive, continuar trabalhando, embora se saiba que um tratamento sempre debilita as forças de qualquer pessoa por mais forte que seja.
Personagens públicos, sejam políticos ou artistas, acometidos de doenças dificilmente conseguem sofrer ou superá-las privadamente. Um ente político, com a dimensão e importância que vinha ganhando a ministra Dilma, por mais angústia que a doença possa lhe causar, talvez possa buscar na partilha pública desta mesma angústia mais força para superá-la. É o jugo de quem opta por sair do privado – embora isso esteja hoje cada vez mais difícil – e jogar-se no âmbito público. Luta semelhante trava o atual vice-presidente da República, José Alencar. De qualquer forma, a exposição pública e a forma como demonstram enfrentar a doença que os aflige, faz destas pessoas também exemplos para aqueles que sofrem do mesmo mal para que não esmoreçam.
Embora, seja verdade, que para os agentes políticos de alta graduação, os melhores recursos podem ser alcançados com mais facilidade do que para a imensa maioria da população.
Independente do aparato técnico de saúde disponível para as figuras mais ilustres do país, não se pode deixar de desejar que a cidadã, a mulher, Dilma Roussef supere este obstáculo. Independentemente de ser um agente político e estar, hoje, na condição de pré-candidata a sucessão do presidente Lula e, ainda, ter dele a benção a esta pretensão, um prognóstico não favorável ao seu restabelecimento pleno, certamente – e disso não se pode deixar de refletir – lançará novas especulações sobre a disputa eleitoral de 2010. Até agora, dentro do Partido dos Trabalhadores, a declaração aberta de simpatia e, até mesmo de projeção de Dilma Roussef pelo governo, já fazia sombra ao interesse de quaisquer outras pretensões entre os aliados governistas e mesmo dentro do próprio partido do presidente. Qualquer que seja o futuro e a saúde da ministra-candidata, as cartas já lançadas da sucessão podem sofrer mudanças para 2010.
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