"...Tanto que lá chegam, começam a furtar pelo modo indicativo, porque a primeira informação que pedem aos práticos é que lhes apontem e mostrem os caminhos por onde podem abarcar tudo.” (Padre Antonio Vieira – Sermão do Bom Ladrão - 1655)
A ladroagem, a gatunagem explicita e implícita, a falta total de consciência moral, de ética, campeia de norte a sul. Governos legitimamente eleitos se sucedem e são nomeados apenas novos coordenadores da roubalheira endêmica que se instalou, em todos os poderes da República e em todas as suas instâncias do município a União. Pior, é que isso não é uma mal apenas do Poder Público. A sociedade esta tomada por esse “inço”, até por que o Público existe dentro dela. Não se pode deixar nenhum de fora. Diante da desnudação de tantos casos, crer que exista em alguma esfera da sociedade “alma limpa”, torna-se cada vez mais difícil.
Não terá isso fim? “A oportunidade faz o ladrão?” Esta afirmação corrente no senso comum é verdadeira? Diante de tudo isso é difícil acreditar que não. Será possível a um pai ou mãe ensinar a seguinte lição aos seus filhos: “Pessoas pensam, conversam. Se precisar algo que você não tenha trabalhe, lute para isso, mas de forma honrada, digna.” Isso não se aprende apenas com palavras mas com exemplos. Foi o que aprendi em casa mais do que em todos os livros que já tenha lido na vida. E, meu pai e minha mãe eram analfabetos.
Os ladrões instalados nas esferas públicas, inclusive, naquelas que deviam combater os ladrões, não fazem o que fazem por um aprendizado e “más companhias” depois de adultos. Se não veio o exemplo de casa ou, então, da falha dos pais de observar as companhias e ações dos filhos na infância, não foi a convivência com ratos adultos que o ensinou ser os ratos que hoje são. O caráter se forja na família, em outros ambientes ele é apenas testado.
O que se viu no Estado a partir do escândalo do Detran (e seus múltiplos nuances) coloca por terra até mesmo o discurso dos pseudo-separatistas que querem fundar uma República Riograndense, sob o falso argumento que somos um estado melhor que o resto do país. Ledo engano. Estaremos todos esperando uma oportunidade para assumir o poder e “cuidar dos nossos interesses”? Será isso mesmo? Como ter firmeza absoluta de nossas convicções diante de tudo isso que ai está e, pior, sempre esteve? É possível livrar o país, o estado, o município, deste “inço” que infesta o caráter da nação?
Aqueles que postularam a prefeitura ou a uma vaga no Legislativo na ultima eleição podem dar para o povo alguma esperança, nesta direção? Já estamos a caminho de uma nova eleição (em 2010, para presidente da República, Governo do Estado e para o parlamento Estadual e Federal). Sinceramente, observando o quadro e os que ai estão é difícil enxergar outro horizonte que não este que já temos empestiado pela chaga da falta de qualquer caráter no que diz respeito ao trato com a Coisa Pública. Tudo é muito triste, deprimente.
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